Evangelho segundo S. Mateus 10,24-33.
Naquele
tempo, Jesus disse aos seus apóstolos: «O discípulo não é superior ao mestre,
nem o servo é superior ao seu senhor. Basta ao discípulo ser como o mestre e
ao servo ser como o senhor. Se ao dono da casa chamaram Belzebu, o que não
chamarão eles aos familiares! Não os temais, portanto, pois não há nada
encoberto que não venha a ser conhecido. O que vos digo às escuras, dizei-o
à luz do dia; e o que escutais ao ouvido, proclamai-o sobre os terraços. Não
temais os que matam o corpo e não podem matar a alma. Temei antes aquele que
pode fazer perecer na Geena o corpo e a alma. Não se vendem dois pássaros
por uma pequena moeda? E nem um deles cairá por terra sem o consentimento do
vosso Pai! Quanto a vós, até os cabelos da vossa cabeça estão todos
contados! Não temais, pois valeis mais do que muitos pássaros.» «Todo
aquele que se declarar por mim, diante dos homens, também me declararei por ele
diante do meu Pai que está no Céu. Mas aquele que me negar diante dos
homens, também o hei-de negar diante do meu Pai que está no Céu.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Tomás de Celano (c. 1190-c. 1260),
biógrafo de São Francisco e de Santa Clara
Primeira vida de São Francisco,
§58
«E nem um deles [pássaros] cairá por terra sem o consentimento do
vosso Pai. […] Não temais!»
Ao chegar perto dum grande bando de
pássaros, o beato Francisco constatou que estes o esperavam; saudou-os como
habitualmente, maravilhou-se ao ver que não levantavam voo como seria normal e
disse-lhes que deviam escutar a Palavra de Deus, pedindo-lhes humildemente que
prestassem atenção.
Disse-lhes, entre outras coisas: «Meus irmãos
pássaros, é bom que louveis o vosso Criador e O ameis sempre: Ele deu-vos as
penas para vos vestirdes, as asas para voardes e tudo aquilo de que precisais
para viver. De todas as criaturas de Deus, sois vós as mais agraciadas. Deu-vos
como domínio os ares e a sua limpidez. Não precisais de semear nem de colher;
Ele dá-vos alimento e abrigo sem que tenhais de vos inquietar» (cf Mt 6,26). Ao
ouvirem estas palavras, que também se referiam ao próprio santo e aos seus
companheiros, os pássaros exprimiram à sua maneira uma alegria admirável:
alongaram o pescoço, abriram as asas e o bico e olharam-no atentamente. Ele ia e
vinha entre eles, roçando-lhes com a túnica na cabeça e no corpo. Finalmente,
abençoou-os, traçando sobre eles o sinal da cruz, e permitiu-lhes levantar voo.
Depois retomou o caminho com os seus companheiros e, exultando de alegria, dava
graças a Deus que assim era reconhecido e venerado por todas as suas criaturas.
Francisco não era um pobre de espírito; mas tinha a graça da
simplicidade e assim recriminava-se pela sua negligência por ainda não ter
pregado aos pássaros, uma vez que esses animais escutavam com tanto respeito a
Palavra de Deus. E a partir desse dia não deixava de exortar todas as aves,
todos os animais, os répteis e mesmo as criaturas inanimadas a amar e a louvar o
Criador.
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