Evangelho segundo S. Mateus 19,27-29.
Naquele
tempo, Pedro disse a Jesus: «Nós deixámos tudo e seguimos-te. Qual será a nossa
recompensa?» Jesus respondeu-lhes: «Em verdade vos digo: No dia da
regeneração de todas as coisas, quando o Filho do Homem se sentar no seu trono
de glória, vós, que me seguistes, haveis de sentar-vos em doze tronos para
julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas,
irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do meu nome, receberá cem
vezes mais e terá por herança a vida eterna.
Da Bíblia
Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Pio XII, papa de 1939 a 1958
Encíclica «Fulgens radiatur», de 21/03/1947
São Bento estabeleceu a paz de Cristo na Europa invadida pelos
bárbaros
Com efeito, enquanto nessa escura e
convulsionada época da história o cultivo da terra, o amor do trabalho e da
arte, o estudo das ciências e das letras, tanto religiosas como profanas, eram
lançados, por uma espécie de desdém geral e sintomático, ao abandono, dos
mosteiros beneditinos sai uma plêiade luminosa de agricultores, de artistas, de
sábios, que nos salvaram incólumes os monumentos da velha literatura,
conciliaram os velhos e os novos povos, em guerras constantes, reduzindo-os da
barbárie renascente, das correrias, do saque, à moderação da moral humana e
cristã, à abnegação do trabalho, à luz da verdade; reconstituíram, enfim, uma
civilização enformada nos princípios do Evangelho.
Isso, porém, não
é tudo. A base, a directriz, por assim dizer, suprema de toda a vida beneditina
é que todo trabalho, seja ele qual for, intelectual ou manual, seja, antes de
mais, para o monge, veículo que o eleve a Jesus Cristo e centelha que o inflame
no seu amor perfeitíssimo. Não podem, com efeito, as coisas da terra, nem do
universo, satisfazer as exigências espirituais do homem, que Deus criou para Si.
[…] Por essa razão, é absolutamente necessário que nada se anteponha ao amor de
Cristo, que nada nos seja mais caro que o seu amor, que, numa palavra, nada
absolutamente se anteponha a Cristo, que Se digna conduzir-nos à posse da vida
eterna.
A este ardentíssimo amor de Jesus Cristo é necessário que
corresponda o amor do próximo, porque a todos, indistintamente, devemos o ósculo
fraterno da paz e o tributo solícito do nosso arrimo. Donde, enquanto a intriga
e o ódio convulsionavam e lançavam os povos nos campos de batalha e, nessa
confusão cósmica dos homens e das coisas, erguiam ao alto o facho sangrento da
morte, do roubo, da miséria e das lágrimas, Bento legava a seus filhos este
preceito santíssimo: «Ponha-se particular cuidado e solicitude no recebimento
dos pobres e viajantes estrangeiros, porque é na pessoa destes que
principalmente se recebe a Cristo»; e «todos os hóspedes que se apresentarem no
mosteiro se recebam como se fossem Cristo, porque Ele há-de dizer: fui hóspede e
recebeste-me» (Mt 25,35). E mais ainda: «antes de tudo, haja o maior cuidado no
tratamento dos doentes, sirvam-se com tal diligência como se fossem realmente
Cristo, porque Ele disse: estive doente e me viestes visitar» (v. 36).
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