sábado, 5 de abril de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “Cristo fundamento de nossa fé”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Da fragilidade à transfiguração.
Celebrando nossa preparação para a Páscoa vivenciando o “sacramento da Quaresma”, conhecemos mais profundamente nossa realidade diante da vida de Jesus, o Cristo sofredor e ressuscitado. No primeiro domingo da Quaresma pudemos ver de perto a realidade chocante da tentação e a possibilidade da vitória em Cristo. O quadro assustador que culmina com a morte de Jesus na cruz e sua sepultura. Neste segundo domingo, muda-se o quadro: Palavra de Deus apresenta o Cristo transfigurado. Ele é o Ressuscitado vencedor, para o qual confluem a Lei e os Profetas, representados pelas grandes figuras de Moisés e Elias. Estes grandes homens são a síntese do Antigo Testamento. É um quadro animador. Jesus manifestou sua glória para que os discípulos compreendessem melhor o sentido de sua morte e ressurreição. Voltando o pensamento para nossa realidade, podemos entender que a tentação, e mesmo o pecado, não são o fim, nem uma batalha perdida. Para Cristo a morte não foi o fim, mas o caminho para a glorificação. Assim, em Cristo, temos o fundamento de nossa fé. É nEle que se resolvem nossas fragilidades e nEle somos transfigurados. No tempo da Quaresma, pelo processo de conversão, vamos nos transfigurando sempre mais nAquele no qual fomos tentados e no qual vencemos, como nos diz Santo Agostinho. O pecado não é um beco sem saída. Pode ser um estímulo à maiores vitórias com Cristo.
Aliança que transforma.
          Jesus é o mediador entre Deus e a humanidade. Ele realiza, em seu sangue derramado, a nova aliança com Deus. Por esta aliança há um mútuo compromisso entre Deus e a humanidade. Há grandes promessas de vida e felicidade que Deus nos oferece e, de nossa parte a correspondência em ouvir o Filho, quer dizer, viver o evangelho. Assim como o Corpo de Jesus foi todo transfigurado, há uma transfiguração progressiva em nós que “transformará nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorificado” (Fil 3,21). Acontecerá conosco, como aconteceu com as vítimas que Abraão coloca abertas em duas partes (Gn 15,5-18). Pelo meio delas passa Deus como uma tocha de fogo comprometendo-se, como a dizer: aconteça comigo o que aconteceu com estes animais cortados ao meio, se Eu não cumprir minha promessa. Deus é sempre fiel. Promete dar uma terra ao seu povo. Cristo, passando como uma tocha ardente pelo fogo do sofrimento, promete-nos uma terra diferente, que é o chão de Deus, pois seu sangue é “sangue da nova e eterna aliança”. É uma promessa segura de vida transfigurada.
Somos cidadãos do Céu.
Paulo, na carta aos Filipenses convida os cristãos a terem um procedimento de acordo com o evangelho da Cruz de Cristo, não como seus inimigos. Na Transfiguração o Pai convida a ouvir o Filho. Ouvir e viver um processo permanente de conversão e transfiguração, pois somos cidadãos dos Céus. Ele nos transformará totalmente um dia, mas já começou este processo no momento em que nós reafirmamos nossa aliança com Ele. Ele é o fundamento de nossa fé.

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