terça-feira, 1 de abril de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “Amai vossos inimigos”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
A grande diferença!
    Paulo fala do homem natural e do homem espiritual ( 1 Cor 15.45-49). O homem foi marcado pelo pecado. O pecado marcou suas atitudes que geraram uma cultura de pecado e estruturas de pecado. Podemos ver isso refletido na Escritura: “Olho por olho dente por dente” (Ex 21.24). Jesus se coloca como uma ruptura com um modo de conceber que se estabeleceu no Antigo Testamento, e muitas vezes, contrário ao plano de Deus. Por isso podemos ver Jesus dizer: ‘assim se dizia antes, Eu, porém, vos digo’. Jesus insiste muito sobre o perdão aos inimigos, tanto que uma das últimas palavras de Jesus foi para perdoar os inimigos: “Pai, perdoai porque não sabem o que fazem”. Deve ser fundamental para Sua vida e missão. Por aí passa a compreensão do Evangelho. Por que o perdão do inimigo é tão importante? O que Jesus veio fazer neste mundo? Mostrar a misericórdia amorosa de Deus que perdoa o ser humano pecador e “inimigo” pelo pecado. O homem espiritual, o segundo Adão Jesus Cristo, marca a mudança e se estabelece a diferença. A marca do tempo de Cristo é a misericórdia. Por isso S. Paulo diz: “reflitamos a imagem do homem celeste” (1 Cor 15,49).
Amolecendo os golpes.
    “Se alguém te der um tapa numa face, oferece a outra” (Lc 6,28). O perdão ao inimigo rompe a corrente do ódio e implanta um novo modo de existir. É duro acreditar isso. Mas Jesus passou por este caminho e deu certo. Temos vivido na sociedade muitas situações de injustiça e violências que nos levam a dizer: é preciso pena de morte. É preciso castigar duramente. Não que Jesus queira que o mal se espalhe mais e mais. O que ensina é transformar a violência em amor. Jesus transformou a água em vinho, curou todos os tipos de enfermidade. Pode também curar os corações de pedra transformando-os em coração de carne e mais ainda em coração de Deus. (Eu mesmo tenho muita dificuldades para isso). Tenho um exemplo muito próximo: quando tivemos um seqüestro em família, o que mais me impressionou foi não ter ouvido nenhuma palavra dura ou maldição contra os seqüestradores, mas somente orações para que Deus mudasse o coração daquelas pessoas e as encaminhasse. Por isso as marcas que ficaram não trazem ódio. É possível.
A cultura do amor.
    O projeto de Jesus é um mundo novo criado pela caridade, onde o ambiente de amor, misericórdia e perdão possa criar a cultura do amor. Pensar a partir do amor, agir a partir da bondade e da misericórdia. Nós vemos quanto o povo sofre quando é maltratado na sociedade e até nas igrejas. Mais que perdoar, Jesus quer implantar o reino do amor, como fez Davi que, em lugar de matar seu inimigo, respeitou nele a pessoa. Se ele não merecia respeito, Davi colocou o respeito nele. Cada ato de perdão é uma ressurreição e a realização plena do evangelho. Será dada uma medida transbordante e  será essa a medida com que Deus nos medirá (Lc 6,38)

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