A ordem de anunciar o Evangelho vem do próprio Jesus. No momento de sua Ascensão disse aos discípulos: “Ide por todo mundo e proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). A partir da vinda do Espírito Santo, em Pentecostes, imediatamente os discípulos começaram a anunciar que Jesus estava vivo e Deus O constituíra Cristo e Senhor. Por isso afirmavam: “Convertei-vos e cada um seja batizado em nome de Jesus, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2,36-38). Esta foi a principal atividade dos apóstolos e a seguir, dos cristãos. Paulo, na carta aos Romanos, afirma que a fé vem da pregação e a pregação é feita pela palavra de Cristo... “pela terra inteira correu sua voz; até os confins do mundo as suas palavras” (Rm 10.17-18). Anunciar o Evangelho é uma ordem e está unida à própria Redenção. Cristo usou a palavra para anunciar. “Como poderiam crer se não ouviram? E como poderiam ouvir sem pregador? E como podem pregar se não foram enviados? Como está escrito: ‘Quão maravilhosos os pés dos que anunciam boas notícias’” (Rm 10,14-15), diz Paulo. É um direito e um dever anunciar o Evangelho e partilhar a Palavra que foi acolhida, celebrada e rezada. O Evangelho, seguindo o modo de ser de Jesus não é imposto mas oferecido, proposto. A conversão forçada não é de Deus. Não podemos confundir fé com cultura. Aqui ocorreram erros na história e ainda se repetem. Em Pentecostes “começaram a falar outras línguas conforme o Espírito impelia que falassem” (At 2,4). Aqui entendemos que o Evangelho pode ser proclamado em todas as línguas e vivido em todas as culturas. Este modo único que se instituiu por séculos, não corresponde ao Evangelho. A Igreja tem o direito de anunciar, mas o dever de respeitar as culturas.
Novo modo de vida
A pregação do Evangelho não é em primeiro lugar a transmissão de um código de doutrinas, mas a apresentação de uma pessoa, Jesus Cristo como Salvador de todo homem. Salvar não é tirar a pessoa de sua realidade, mas colocá-la no relacionamento de comunhão com Deus. Não se trata de espiritualismos. É um novo modo de vida fundado no amor de Deus e do próximo, superando todo o egoísmo que é fruto do pecado. Sem isso a pregação é inútil e destruidora do homem e de seus valores. Jesus não se encarnou para ser um a mais. Ele é a resposta a todas as ansiedades dos homens. A pregação não é chamar à Igreja, mas ir a Jesus Cristo. Por que depois de 2000 anos de pregação somos ainda tão envolvidos pelo mal? Porque se deixou de lado Jesus para anunciar somente doutrinas. A conversão conduzirá pelos caminhos de Jesus. O mundo sofre tantas dificuldades. Por isso se deve reestruturar o mundo em Cristo. Ele é a solução.
Como os olhos de Jesus
A vida de Jesus foi sua maior pregação e o mundo a que devemos ir é aquele que Ele via do alto da Cruz. Nossos olhos devem ler o evangelho como Jesus olhava o povo. Cada cultura tem seu modo de entender a única palavra de Deus. Vemos em Pentecostes que cada um entendia em sua própria língua. O Evangelho é compreensível a cada pessoa onde quer que esteja, pois Jesus veio para todos. Podemos também aprender muito das civilizações. A Igreja tem orientado o anúncio evangélico com muitos documentos. É preciso continuar a ousadia de crer em Jesus e anunciá-Lo como o Caminho, a Verdade e a Vida. Partilhar a Palavra é sinal que nela acreditamos e a vivemos.
ARTIGO PUBLICADO EM SETEMBRO DE 2014
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