“Meu amor, o que posso fazer para que o mundo todo Vos ame? Eu quisera atrair todo o mundo, dar-Vos a todos, socorrer a todos… desejaria correr por toda parte e gritar forte para que todos venham amar-Vos. Servi-Vos mais uma vez deste miserável instrumento para reavivar a fé e a conversão dos pecadores”.
Este impulso generoso brotado aos pés de seu “Sumo Bem”, que a atraía sempre mais irresistivelmente a Si, constituiu o anelo profundo do coração da Beata, até levá-la a oferecer sua vida totalmente em contínua imolação pela glória e complacência do Padre Eterno.
Pertencia a uma família de boas condições financeiras, de bom nome na sociedade e de profunda formação cristã. No pai Francisco e na mãe Adelaide, como nos outros cinco irmãos, encontrou os primeiros essenciais formadores de sua vida moral e cristã. Aos doze anos foi Crismada em Santa Maria das Viñas, pelas mãos do Arcebispo Cardeal Plácido Tadini. Como era uso nas famílias abastadas do tempo, Rosa recebeu a instrução em casa. De caráter sereno, amável, aberto à piedade e à caridade, entretanto firme, soube reagir ao clima político e anticlerical da época, que também afetou alguns dos familiares. Sua juventude serena foi caracterizada por um fervente empenho de vida cristã e por uma inabalável fé, posta à prova em seu contato com os livres pensadores que frequentavam a sua casa.
Em 5 de novembro de 1852, com a idade de 21 anos, contraiu matrimônio com Jerônimo Custo e transferiu-se para Marselha (França). Uma imprevista crise financeira perturbou a felicidade da nova família, obrigada a retornar a Gênova. A sua primeira filha, Carlota, afetada de repentina enfermidade, ficou surda-muda para sempre; e apesar da alegria de outros dois filhos, ela foi novamente abalada com o falecimento do esposo, após seis anos de matrimônio, e com a morte do seu último filho.
Estes acontecimentos marcaram a sua vida e levaram-na a uma mudança radical a que ela chamava "a sua conversão", isto é, à entrega total ao Senhor. Orientada pelo seu confessor, emitiu de forma privada os votos perpétuos de castidade e obediência, precisamente na festa da Imaculada: 8 de dezembro de 1858, e depois, como terciária franciscana, professou também o voto de pobreza. Viveu intimamente unida a Cristo, recebendo a Comunhão todos os dias, privilégio que naquele tempo era pouco comum. Em 1862 recebeu o dom dos estigmas ocultos, percebidos mais intensamente nas sextas-feiras. Dedicou-se a visitar os enfermos em domicílio e nos hospitais da cidade. Interessou-se pelas “jovens em perigo”.
A Beata com 2 filhos |
Numa intensa oração diante do Crucifixo, recebeu a inspiração de fundar uma Congregação religiosa: "Filhas de Santa Ana, Mãe de Maria Imaculada".
Rosa relutou muito para não deixar os filhos. O Frei Francisco Camporosso, santo capuchinho, embora temeroso diante das tribulações que se previa, a encorajou, e o mesmo fez seu confessor e o Arcebispo de Gênova. Ela então quis ouvir a palavra do Papa Pio IX, que a recebe em audiência no dia 3 de janeiro de 1866. Depois de a ter escutado durante longo tempo, o Beato Pio IX confirmou-a na sua missão de Fundadora e profetizou: “Este Instituto se estenderá rapidamente em todas as partes do mundo. Deus pensará em teus filhos, tu pensas em Deus em sua obra. Teu Instituto se estenderá rapidamente como o voo da pomba por todas as partes do mundo”.
Superadas as resistências dos parentes e abandonadas as obras de Gênova, deu início a nova família religiosa que denominou definitivamente Filhas de Sant’Ana, Mãe de Maria Imaculada (8 de dezembro de 1866). A Beata vestiu o hábito religioso no dia 26 de julho de 1867 e a 8 de abril de 1870 emitiu a profissão religiosa, com outras doze religiosas.
O desenvolvimento do Instituto recebeu a colaboração do Pe. João Batista Tornatore, sacerdote da Missão, a quem a Beata pediu expressamente que escrevesse as Regras e que foi considerado cofundador do Instituto.
Com esta fundação, realizou muitas obras de atendimento aos pobres e doentes, às pessoas sozinhas, anciãs e abandonadas; cuidou da assistência às crianças e às jovens, proporcionando-lhes uma instrução religiosa e adequada, a fim de as inserir no mundo do trabalho. Assim, foram abertas muitas escolas para a juventude pobre, segundo as necessidades mais urgentes da época.
A Beata chamava suas filhas de “servas dos pobres e ministras da misericórdia” e as exortava: “Sejam humildes, pensem que são as últimas e as mais miseráveis de todas as criaturas que prestam seu serviço à Igreja, à qual têm a graça de pertencer”.
Com menos de dez anos da fundação, a Congregação recebeu a aprovação definitiva, em 1879. Porém, o Regulamento só o foi em 1892. Muito estimada e considerada por todos, colaborou em Piacenza também com o bispo, Monsenhor Scalabrini, hoje beato, sobretudo na Obra fundada por ele, a favor dos surdos-mudos.
Sofreu provas, humilhações, dificuldades e tribulações de todo o gênero, mas sempre confiou em Deus e cada vez mais atraía outras jovens para o seu apostolado. Assim, a Congregação difundiu-se rapidamente na Itália, Bolívia, Brasil, Chile, Peru, Eritreia, França e Espanha.
Puro e simples instrumento nas mãos do “delicado Artífice”, imitando a Cristo pobre e vítima de amor com Ele, realizou em sua vida o desejo inculcado à suas filhas: “Viver por Deus e morrer por Ele, gastar a vida por amor”.
Assim viveu até fevereiro de 1900, quando foi afetada por uma doença inesperada que se agravou rapidamente. Submetida a duras provas de penitência, frequentes e extenuantes viagens, uma intensa correspondência epistolar, preocupações e grandes desgostos, seu físico não pode suportar mais. No dia 4 de maio ela recebeu a Extrema Unção e dois dias depois, 6 de maio de 1900, às 9 horas da manhã, falecia santamente na Casa Mãe de Piacenza.
A Congregação já contava com trezentas e sessenta e oito Casas nas quais desenvolviam as suas missões três mil e quinhentas religiosas. Ela foi beatificada pelo Papa João Paulo II no ano 2000.
A fama de santidade que já havia irradiado em vida, eclodiu por ocasião de sua morte, crescendo ininterruptamente por todas as partes do mundo.
Fontes: www.catolicanet.com; www.vatican.va
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