Cada ano, no dia dois de novembro, temos a recordação dos mortos. Quando, antigamente se fazia a festa de todos os santos, pensou-se em ter uma celebração para todos os falecidos. O motivo era pedir a Deus que todos os mortos estivessem com Ele, uma vez que necessitam de nossa oração. Pena que a gente se lembre dos mortos só neste dia. A tradição da Igreja, em todas as Missas, reza: “Lembrai-vos de todos nossos irmãos e irmãs que morreram na esperança da Ressurreição e de todos os que partiram desta vida. Acolhei-os junto a Vós na luz de vossa face” (Prece Eucarística II). Rezamos em todas as Missas por todos os falecidos. Mais ainda: Toda a oração é do Corpo de Cristo, isto é, de todos, pois todos formamos um só corpo com Cristo. Todos rezamos por todos. Deste modo não existem almas do Purgatório esquecidas, nem gente de lá aparecendo pedindo oração, pois todos sabem que rezamos por todos. Celebrar pelos mortos em Finados é proclamar nossa fé na Ressurreição. Proclamamos igualmente nossa caridade comum por todos os vivos, pelas almas do Purgatório e pelos Santos do Céu. Rezar é estar em comunhão de amor com Deus e com todos os que Deus ama. Como Deus ama todos, estamos unidos a todos num só amor e numa só fé. Em nossa oração pelos mortos cumprimos um dever de caridade. Rezamos por sua purificação. Como não podem merecer para si, nós o fazemos por eles. A redenção de Cristo atinge todas as pessoas. Sempre rezamos: perdoai nossos pecados! Dai-nos vossa salvação! Sempre houve grande carinho pelas “Almas do Purgatório”. Como é o Purgatório, não sabemos, mas sabemos que estamos unidos a esses nossos irmãos.
Lembrai-vos de mim.
A Igreja sempre rezou pelos mortos. Já podemos encontrar esta necessidade no livro dos Macabeus. Judas fez uma coleta para enviar a Jerusalém para oferecerem sacrifícios pelos pecados daqueles soldados que tinham morrido carregando amuletos idolátricos. E acrescenta: “Agiu assim absolutamente bem e nobremente com o pensamento na ressurreição” (2Mc38-45). Nas catacumbas podemos ver muitas lápides com orações e símbolos de oração pelos falecidos. Quer dizer que é um costume dos inícios da Igreja. E esta foi sempre fiel. A mãe de santo Agostinho, Santa Mônica, no fim de sua vida dizia a seus filhos: enterrem-me onde quiserem, mas só “peço que vos lembreis de mim no altar de Deus”, isto é, durante a Eucaristia. As orações eucarísticas trazem a oração pelos mortos. É bom rezar pelos mortos, pois um dia vamos precisar desta oração. Nossos pecados não são nada pequenos. Precisamos chegar purificados diante de Deus. Podemos não estar puros e necessitamos da caridade da oração da Igreja.
Purificando a oração
Nossa oração tem que evitar aquilo que possa parecer superstição, idéias erradas sobre mortos, vindos de uma tradição espúria, ou de outras religiões. Podemos fazer os ritos, desde que sejam coerentes com a fé. Nada de se falar em almas penadas, almas esquecidas, almas que ficam implorando orações, almas que vão e vêm, espíritos que tomam as pessoas. Podemos falar muito da vida eterna, mas temos que ter certeza que não compete a nós organizar aquele mundo, pois temos o costume de pensar a vida eterna com nossos critérios humanos, como apresentam algumas novelas. Aos mortos a paz eterna e a nós, nossa oração por eles. Fazemos bem em rezar, acender velas, levar flores. São sinal que cremos na ressurreição e que eles estão vivos. A saudade nos leve a rezar.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM NOVEMBRO DE 2011
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