Somos chamados nesta Quaresma, a nos voltar à Palavra de Deus. Ela é abundante e pedagógica, preparando-nos para a Páscoa e para a celebração memorial de nosso Batismo. Para entender a força da Palavra e a necessidade de começar por ela, temos que contemplar Jesus. No momento da tentação diz ao Tentador: “Não só de pão vive o homem, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4,4). A Palavra é o primeiro caminho, pois, é por ela que iniciamos nosso encontro com Deus. Ele nos fala e nós respondemos. Ela sai da boca de Deus. Ela o Deus que fala e age em nós quando abrimos os ouvidos para que Ele penetre em nosso coração e nos transforme. Lembramos Isaias que diz que a palavra pronunciada por Deus é semelhante à chuva que, vinda do céu, faz germinar os grãos, dar o grão e depois o pão. “Tal ocorre com a palavra que sai de minha boca: ela não torna a mim sem fruto. Antes, ela cumpre a minha vontade e assegura o êxito da missão para a qual a enviei” (Is 55,10-11). Não podemos buscar outros meios para a vida espiritual a não ser a Palavra. Tudo se encaminha a partir dela. Por isso é o melhor caminho para viver esse tempo e realizar a conversão. Temos esta riqueza de textos e muitas possibilidades para transformá-los em vida. Ela nos prepara para celebrar a Páscoa de Jesus e fazer a memória de nosso Batismo. Fomos mergulhados na Morte e Ressurreição de Jesus. A Palavra nos reaviva a memória e fortalece em Seu mistério.
Celebração litúrgica
No Domingo de Páscoa rezaremos: “Transbordando de alegria pascal, nós vos oferecemos, ó Deus, o sacrifício pelo qual vossa Igreja maravilhosamente renasce e se alimenta”. A consciência da Vida que os sacramentos pascais nos dão, chama-nos a atenção para a importância da celebração. Liturgia não é um rito que se repete ou uma devoção, mas é um mistério do qual participamos e torna presente para nós tudo o que Cristo em sua vida, morte e ressurreição nos oferece. A celebração está conjugada com a Palavra. Participar não é estar numa igreja realizando todos os ritos com alegria e piedade. Isso também, mas não só, pois é entrar em contato vivo e real com Cristo em seu Mistério. Mistério significa o que Ele é. Dele participamos e vivemos a mesma Vida e, conseqüentemente é salvação para nós. Este foi sempre o caminho da Igreja. Já era assim no povo de Israel.
Piedade popular
A liturgia é fonte e cume da piedade do povo de Deus. Depois de celebrarmos bem, manifestamos o que acreditamos. Nós o fazemos através dos atos de piedade. Temos aqueles tradicionais que têm sua raiz na Palavra de Deus como o jejum, a oração e a misericórdia. São vividos dentro da cultura popular. São conjugados entre si, pois a oração sustenta o jejum e a misericórdia o torna fecundo. Jejuar não é fazer regime de emagrecimento. Mas enxugar o coração de tudo que o torna obeso e insensível. Há muitos tipos de jejum: dos alimentos, das bebidas, dos vícios. O esforço de superar nossos defeitos já é um jejum. Além destes tradicionais, temos as celebrações populares, tão amadas pelo povo. Estas tradições surgiram para que a liturgia penetrasse no jeito do povo. Esperamos que um dia o jeito do povo penetre a liturgia. Aí sim, celebraremos com mais vigor. Vivendo a Palavra, a liturgia e a piedade popular, celebraremos a Páscoa do Senhor.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM ABRIL DE 2011
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