Evangelho segundo São Lucas 9,51-56.
Aproximando-se os dias de Jesus ser levado deste mundo, Ele tomou a decisão de Se dirigir a Jerusalém
e mandou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de Lhe prepararem hospedagem.
Mas aquela gente não O quis receber, porque ia a caminho de Jerusalém.
Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram a Jesus: «Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu que os destrua?».
Mas Jesus voltou-Se e repreendeu-os.
E seguiram para outra povoação.
Tradução litúrgica da Bíblia
(1904-1964)
Missionária das pessoas da rua
Uma vocação para Deus entre os homens
Para Deus, não há fracassos
Quem segue Jesus Cristo glorifica a Deus chamando-Lhe Deus, mas ao mesmo tempo, inevitavelmente, chama cada homem pelo seu nome, por Ele. É possível que ninguém responda a este chamamento... nunca. Poderá saborear uma doutrina do fracasso. Quem trabalha por Deus poderá ter a sensação de que as várias tarefas que realizou foram um fracasso; mas a obra que engloba essas tarefas não fracassou, porque é a obra de Deus e para Deus não há fracassos.
Cabe-nos a nós fazer que uma dessas tarefas não seja um fracasso: a de levar cruz, que nos foi dada para «completar o que falta à Paixão de Cristo». Trata-se de amar; mas não como os artistas, sem erros, sem falhas, sem sobressaltos: temos de amar a Deus com todas as nossas forças (cf Lc 10,27). E pode acontecer que, passadas «todas as suas forças», nos encontremos de cara no chão, derrotados, revoltados, sem compreender porquê: não houve fracasso para a redenção, mas nós não compreendemos nada.
Nada nos pode garantir que vivamos bem a nossa vida, porque nada a pesa com o nosso peso. Muitas vezes, teremos a sensação de levar o mundo às costas, no coração, de ter passado tudo aquilo a que os outros chamam juventude, maturidade, velhice ao pé de uma erva que não chegou a crescer. E, quando a vida eterna se nos abrir de par em par, quando tivermos de morrer para podermos ver a Deus, talvez vejamos apenas o tamanho de uma folha de relva. Então, não estaremos seguros da nossa justiça, mas da misericórdia de Deus.
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