segunda-feira, 10 de abril de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Um profeta não estimado”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Falando em nome de Deus
 
São João escreve no Apocalipse: “É necessário que continues a profetizar a muitos povos, nações, línguas e reis” (Ap 10, 11). Mesmo em meio às perseguições. Essa foi a missão de Jesus. O discípulo continua sua missão e sofre a mesma recusa que recebeu de seus compatriotas. A recusa que sofre em Nazaré é provocada pela falta de aceitação da Palavra de Deus proclamada por alguém que é dali. Viram somente a pessoa que conheciam. Diziam: “Como conseguiu tanta sabedoria? E esses milagres realizados por suas mãos? Este homem não é o carpinteiro, Filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão...?” (Mc 6,2-3), (cfr. nota). Seus conterrâneos não foram capazes de perceber o Deus que agia Nele. Esta atitude deles dá-nos a entender que Jesus não era uma estrela. Era como os demais. Já se diz: não se pode recusar um livro só pela capa, sem antes abrir as páginas”. Eles diziam conhecer quem Ele era e por isso não podia ser tão bom assim. Mas... “Quem é de Deus ouve a Palavra de Deus” (Jo 8,47). Isto é, sabe encontrá-la. A recusa vem do ciúme. Conhecem os irmãos, mas não conhecem a profundidade de sua existência e de sua missão. O importante é querer ouvir Deus falar. A comunidade Marcos passa pelo mesmo problema de ver Jesus recusado porque era humano. Assim são recusados também eles. O profeta Ezequiel passou por essas dificuldades de ver recusada a palavra de Deus: “Filho do homem, eu te envio aos israelitas, nação de rebeldes... Eles e seus pais se revoltaram contra mim... Quer te escutem, quer não... ficarão sabendo que houve entre eles um profeta” (Ez 2,3.5). A recusa é a Deus que fala através do profeta. Por isso, é importante ouvir a verdade e não olhar por onde ela chega. É a história da mula de Balaão (Nm 24,22ss). 
Recusa, atitude prejudicial 
Vivemos as mesmas dificuldades de Jesus e seus discípulos. Somos profetas combatidos. Por que é tão difícil aceitar a Palavra de Deus? Aceitar bobeiras é tão fácil! Jesus foi recusado por quem devia apoiá-lo. A recusa é o resultado da falta de fé. Paulo reclama a Deus de um espinho na carne que o incomoda muito. Não se trata de pecado, de doença ou tentação. Trata-se da recusa satânica dos falsos irmãos à obra apostólica. O profeta não pode esmorecer, pois a Palavra é de Deus e ela o faz forte: O poder se faz na fraqueza: “Quando me sinto fraco é que sou forte” (2Cor 12,10). Cumprimos a missão e entregamos a Deus o resultado. “Jesus se admirou com a falta de fé deles” (Mc 6,6). O pior deles é recusar ouvir a Palavra de Deus e se modificar. O problema não é a recusa ao profeta mas a falta de fé. Este é o mal do mundo moderno. 
Basta-te minha graça 
Nós temos nossos espinhos na carne, isto é, dificuldades que nos perseguem a vida toda, ou tempos da vida. A fraqueza não é o mais importante. É preciso saber que se está com Deus na fragilidade. Rezamos no salmo: “Ele não dorme nem cochila, o guarda de Israel” (Sl 121,4). Em nossa fraqueza está a força de Deus. Isso basta. Jesus é o exemplo da fragilidade que vence. Ele tem tudo para não dar certo pela recusa de sua pessoa e de sua pregação. Aqui se encontra o grande mistério da espiritualidade cristã: força da fraqueza. Quando mais fracos, mais nos jogamos nos braços do Pai, pois é Dele que vem a força. Em minha ordenação sacerdotal senti medo, mas a palavra “basta-te minha graça”, me animou e me anima. Em cada Eucaristia ouvimos a Palavra, participamos da comunhão. Podemos, neste sacramento buscar a força e sanar o espinho que nos fere a carne. Leituras:Ezequiel 2,2-5; Salmo 122; 2Cor 12,7-10; Marcos 6,1-6. 1. Jesus é recusado em Nazaré por seus compatriotas. Esta é a mesma sorte dos discípulos. A recusa vem da falta de aceitação da Palavra de Deus, proclamada por alguém dali mesmo. Jesus era um simples homem da comunidade, mas como profeta de Deus. A recusa é a Deus. Essa foi a experiência de Ezequiel. Quem é de deus ouve a Palavra de Deus. O importante é ouvir a Palavra e não olhar o meio por onde ela chega. 2. Por que é tão difícil aceitar a Palavra de Deus e tão fácil aceitar bobeiras? Paulo pela dura experiência da recusa dos falsos irmãos. Isso é um espinho em sua carne. Pede a Jesus que o liberte. O profeta não pode esmorecer, pois a Palavra é de Deus e ela o faz forte. O poder se faz na fraqueza. O problema é a falta de fé. 3. Temos nossos espinhos na carne, isto é, dificuldades que nos perseguem. A fraqueza não é o importante. Deus está conosco na fragilidade. Em nossa fraqueza está a força de Deus. Jesus pareceu um fracasso. Para nós, é preciso ter consciência que na Eucaristia temos a Palavra e o Pão que nos fortificam. Espeto na carne, mas não é churrasco. Paulo diz palavras muito duras sobre seus sofrimentos. Se por um lado tem grandes momentos felizes de experiência com Deus, por outro, tem um espinho na carne que o faz sofrer. Não sabemos o que é. Mas era doído. Jesus lhe responde quando pede para ser livre dele: “Basta-te minha graça”. Essa não pode faltar. Jesus sente este espinho de outro modo, na recusa de sua Palavra, de sua Pessoa, só porque era simples como eles. Era gente como eles. O profeta Ezequiel passa pelo mesmo espinho. E nós, onde o capeta espeta a gente? O segredo que nos ensina a vencer é a capacidade de passar dificuldades, alegrando-se nelas ou ao menos as sofrendo com Jesus. 
Homilia do 14º Domingo do Tempo Comum(04.06.2009)

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