quarta-feira, 19 de abril de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Caminhos atuais de santidade”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Palavra de Deus
 
É uma pretensão querer apresentar caminhos para vida cristã. Vamos aprender juntos. Sabemos que cada época procurou suas soluções. Não podemos julgar o passado só a partir de nossos critérios, pois se lá estivéssemos faríamos o mesmo. Não podemos considerar que só o passado era melhor. Palavra de Deus diz: “Não perguntes: ‘Como o tempo antigo era melhor do que o presente?’ Por que não é a sabedoria que te faz perguntar isto” (Ecl 7,10). Para uma espiritualidade consistente é preciso conhecer e viver a Palavra de Deus. “Quem ama a Deus escuta as Palavras de Deus” (Jo 8,47). Conhecemos Jesus através do Evangelho. Houve tempo de ignorância da Palavra de Deus? O povo não sabia ler. A pregação era fraca. Além do mais, a teoria da livre interpretação da Escritura, dada pelo protestantismo, forçou a Igreja a restringir a leitura. Agora muito mais gente pode ler e a liturgia é na língua do povo. Há muita possibilidade de aprender a conhecer a Bíblia. Mas não basta só repetir os textos. É preciso o estudo para interpretar com realidade. Textos escritos há 2800 anos atrás não podem ser lidos como se fossem escritos hoje. A Palavra é eterna, não o texto, que deve ser entendido no seu contexto. Além da palavra escrita, temos tantos outros meios pelos quais Deus fala, como ensinou o Sínodo. Temos a voz da consciência, os fatos da vida, os acontecimentos do mundo, tudo pode falar de Deus. Dizia-se que temos que ter em uma mão a bíblia e na outra o jornal, quer dizer que ela tem que iluminar o presente e o presente é o meio pelo qual Deus fala. O Espírito Santo nos ensinará a compreender a Palavra e colocá-la em prática. A espiritualidade que não nasce da Palavra é frágil. Não tenhamos medo de sermos questionados pela Palavra!
Comunidade 
A espiritualidade não é algo individual, pois recebemos a fé em um povo e, é nele que crescemos. Uma espiritualidade individualista está fora do projeto de Jesus que dá como mandamento o amor mútuo: “Amais-vos uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos” (Jo 15,12-13). No Batismo entramos numa comunidade. Por isso, a vida espiritual é vivida na fraternidade, no serviço mútuo. O Espírito Santo, que constrói a comunidade, dará os dons para o serviço de todos. Esta comunidade está a serviço do mundo, não de si mesma, pois anuncia a presença de Jesus em seu meio. Comunidade que não se preocupa com os problemas e realidades do mundo, não corresponde à Palavra de Jesus que diz: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do Maligno” (Jo 17,15). Ela é discípula e missionária. Se conhecer Jesus e o amar, comunicará aos outros através do testemunho de vida e palavra. É uma prova da fé. 
Liturgia 
A comunidade reunida é o lugar de ouvir a Palavra e celebrar os mistérios da Salvação por meio da liturgia. A liturgia é o coração da comunidade. Por esta entramos na comunidade pelo Batismo e Crisma, celebramos a Ceia do Senhor e recebemos os demais sacramentos. A participação não deve ser a partir de uma lei, mas de um direito de celebrar a Deus na comunidade. Ao dever de assistir missa, passamos ao direito de participar da celebração consciente, ativa e plenamente nos diversos ministérios. Celebrando e vivendo a liturgia caminhamos para a plenitude da santidade de vida. Hoje é possível a espiritualidade. É nossa missão chegar a uma espiritualidade madura.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM AGOSTO DE 2009

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