sexta-feira, 15 de julho de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Solenidade da Epifania do Senhor”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Vimos do Oriente para adorar o Menino
 
 As festas do Natal e da Epifania refletem o mesmo tema: A Manifestação do Senhor. Havia uma festa do deus sol vencedor, popular no paganismo. Estava ligada ao equinócio de inverno, quando o dia vence a noite. Em Roma a festa era dia 25.12 e no Oriente 06.01. No Natal temos a manifestação aos pastores e na Epifania, os Magos. Os Magos seguem uma estrela. Quem é a estrela? É o Menino, o astro que se levanta dos acampamentos de Judá (Nm 24,17). Mateus escreve em seu evangelho aos judeus. Nele quer mostrar que Jesus é o prometido e as Escrituras o provam. Por isso usa o refrão: “como está escrito”. Jesus é a realização as profecias. O povo judeu foi escolhido por Deus, desde seus antepassados como seu povo, depositário da lei, das promessas e das alianças. Podemos perceber nesse texto sobre a presença dos Magos do Oriente que havia uma pretensão judaica de reduzir Deus só ao povo de Israel. Certamente que fora escolhido O povo foi escolhido como missionário de Deus ao mundo. Mas ele se fechou como sendo o único depositário das promessas e povo exclusivo. Isaias e outros profetas chamam a atenção ao universalismo da redenção prometida por Deus. Paulo enfrenta esse problema entre os cristãos: “Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho (Ef 3,6)”. Mateus alerta os cristãos que queriam reduzir a redenção a um grupo, e a abre a todos os povos pagãos. A visita dos Magos lembra a redenção universal. A luz da estrela tem o clarão da Ressurreição. 
Uma Igreja para todos 
Hoje não temos dificuldades de entender que a Igreja é para todos os povos, tanto que ela, quase absolutamente, não descende do povo de Israel como raça. Continuamos o caminho iniciado pelos patriarcas. Nosso problema tem outra dimensão: Igreja não pode estar voltada para si, cuidado de seus próprios problemas e criando uma estrutura que bloqueie o acesso dos povos. Quando falamos de ecumenismo, não falamos de proselitismo. Uma coisa é a fé, o evangelho. Outra é propor uma cultura exclusiva. O documento da Igreja sobre a missão mostra muito claro: “A Igreja deve inserir-se nos diversos povos, como Cristo se encarnou no seu povo assumindo as riquezas dos povos em admirável intercâmbio” (AG 10.22). Não pode se fechar em uma cultura ou em uma época. A vida do cristão tem o brilho da Estrela que é Jesus porque nEle acreditou e O anuncia. Os Magos do Oriente, agora, são os bilhões de pessoas que buscam a Estrela. É nossa responsabilidade, se sua vez não chega. 
A caminho de Belém 
Os Magos ofereceram ao Menino ouro, incenso e mirra. Nós seguimos a Estrela que é Jesus. Não oferecemos os mesmos dons, mas oferecemos o próprio Jesus ao Pai. Nossa caminhada até Belém passa pelos presépios do mundo onde Cristo nasce na esperança de um mundo melhor. O melhor presente que oferecemos é o comprometimento com suas vidas, mesmo que tenhamos que mudar os caminhos batidos de nossa acomodação. Somos responsáveis por abaixar os Herodes dos tronos da mentira e da exploração. No colo de Maria encontramos o Menino e o adoramos oferecendo-Lhe nossa vida. Mais que nossas coisas Ele quer a nos. 
Leituras: Isaías 60,1-6;Salmo 71;
 Efésios 3, 2-6; Mateus 2,1-12. 
1. As festas do Natal e Epifania refletem sobre o tema da Manifestação do Senhor. Havia uma festa do Sol Vencedor no dia 25.12 em Roma e 06.01 no Oriente. Na Epifania lemos o evangelho de Mateus que reflete sobre a universalidade da redenção. Os judeus eram exclusivistas. Paulo insiste que os pagãos são admitidos à mesma herança que os judeus. Cristo veio para todos. 
2. A Igreja abriu-se a todos os povos. Mas corre o risco de unir a cultura à fé e impô-la assim aos povos, como o fez no passado. Não pode ficar voltada para si esquecendo sua dimensão ecumênica. Os Magos agora são os bilhões de pessoas que buscam a Estrela, Jesus. 
3. Os Magos ofereceram ouro, incenso e mirra, mas oferecemos agora Jesus ao Pai. Nossa caminhada até Belém passa pelos presépios do mundo onde há uma esperança. O melhor presente é nosso comprometimento com suas vidas. Somos responsáveis para salvá-los dos Herodes. Encontramos o Menino com Maria. 
Abrindo os portões 
Toda Jerusalém pegou fogo com a chegada de uns turistas diferentes: Reis do Oriente. Não eram reis, eram astrônomos, sábios. Vieram seguindo uma estrela, buscando um Menino nascido de Deus. Maria acolhe-os com o Menino. Todo universo recebeu a encarnação de Jesus que veio para todos. A religião deve ir a todos os povos, aceitando-os no seu modo de ser, cultura, tradições sabedorias. Jesus acolhe a todos.
Homilia da Epifania do Senhor
EM JANEIRO DE 2007

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