Evangelho segundo São Mateus 12,1-8.
Naquele tempo, Jesus passou através das searas em dia de sábado e os discípulos, sentindo fome, começaram a apanhar e a comer espigas.
Os fariseus viram e disseram a Jesus: «Vê como os teus discípulos estão a fazer o que não é permitido ao sábado».
Jesus respondeu-lhes: «Não lestes o que fez David, quando ele e os seus companheiros sentiram fome?
Entrou na casa de Deus e comeu dos pães da proposição, que não era permitido comer, nem a ele nem aos seus companheiros, mas somente aos sacerdotes.
Também não lestes na Lei que, ao sábado, no Templo, os sacerdotes violam o repouso sabático e ficam isentos de culpa?
Eu vos digo que está aqui alguém que é maior que o Templo.
Se soubésseis o que significa: "Eu quero misericórdia e não sacrifício", não condenaríeis os que não têm culpa.
Porque o Filho do homem é Senhor do sábado».
Tradução litúrgica da Bíblia
Monge do Egipto
Homília 35
«O Filho do homem é Senhor do sábado»
Na Lei dada através de Moisés, Deus ordenava a todos que descansassem e não fizessem qualquer trabalho ao sábado. Mas isto era «imagem e sombra» (Heb 8,5) do verdadeiro sábado, que é atribuído à alma pelo Senhor. Efetivamente, a alma que foi julgada digna do verdadeiro sábado deixa de se dedicar às suas preocupações indignas e mesquinhas, e descansa delas, celebrando o verdadeiro sábado e gozando o verdadeiro descanso, liberta das obras das trevas. Outrora, estava prescrito que até os animais privados de razão descansassem ao sábado: o boi não devia ser sujeito ao jugo nem o burro transportar carga, porque os próprios animais repousavam dos trabalhos penosos. Quando veio até nós, dando-nos o verdadeiro e eterno sábado, o Senhor trouxe o descanso à alma que andava carregada e oprimida com o peso do pecado e que, sob coação, realizava obras de injustiça, sujeita que estava a cruéis senhores. Ele aliviou-a do peso intolerável das ideias vãs e miseráveis, livrou-a do jugo amargo das obras de injustiça, e deu-lhe o descanso.
Com efeito, o Senhor chama o homem ao descanso dizendo-lhe: «Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei» (Mt 11,28). E todas as almas que confiam e se aproximam dele celebram um sábado verdadeiro, delicioso e santo, uma festa do Espírito, numa alegria e num júbilo inexprimível; e rendem a Deus um culto puro, que Lhe agrada, porque vem dum coração puro. Esse é o Sábado verdadeiro e santo.
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