quarta-feira, 23 de março de 2022

RFLETINDO A PALAVRA - “Ser discípulo é anunciar”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR.
54 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
Jesus é um profeta incômodo
 
A Palavra de Deus do 4º domingo reflete sobre Jesus como “O Profeta”. Não um profeta. Quanto se fala desta figura, deve-se retornar ao Antigo Testamento, no livro do Deuteronômio, na profecia de Moisés: “O Senhor fará surgir para ti um profeta como eu; a ele deverás escutar”. Esta figura “do Profeta”, é a garantia do povo de Deus. Dizemos O Profeta, com maiúsculo, porque não se trata de um profeta comum, um adivinho, um astrólogo etc... Seria um profeta como Moisés, que ouve as Palavra de Deus e fala só e tudo o que Deus quer. Jesus preenche esse requisito quando fala com poder, isto é, no Espírito Santo. Jesus, nesse sábado vai à comunidade “como é seu costume”. É muito bonito isso. Era um homem de comunidade. Sabia participar. Comunidade é o lugar de anunciar, da profecia, da Palavra de Deus e também de enfrentar o “espírito mau”, não tanto um possesso (doente), mas o mal personificado em ideias e pessoas que configuram o falso profeta, o que Deus não mandou. O povo reconhece em Jesus o poder (Espírito Santo). O endemoniado, falando em nome do mal, reconhece nEle o Santo de Deus, Aquele que fala porque entrou em contato com Deus e tem poder de transformar o mundo, “destruir” o poder do mal. Jesus não é um incômodo pela falta de consistência, mas incomoda porque desmonta as estruturas de poder do mal. Por isso, o mal vai lhe fazer guerra, perseguindo-o, tentando-o até ao final. 
Ser discípulo é exigente 
A decisão do discípulo por Jesus, como vimos na liturgia do domingo passado, é imediata, total e, por conseguinte, coloca-o em choque com um universo de recusas ao Reino de Deus, como Jesus viveu em sua tentação no deserto. São as “forças do mal”, energias que conduzem ao prazer pelo prazer, ao poder pelo poder e aos bens somente pelo egoísmo e individualismo. Resume toda pressão contrária ao Evangelho do Reino. Não se trata de forças em batalha, mas de tensões que exigem uma definição coerente e consequente. Ser discípulo não é fácil. Jesus diz: “não tenhais medo pequeno rebanho” (Lc 12,32). A cena do endemoniado é o palco do discípulo. Ele terá que ter o poder de Jesus (o Espírito Santo) e a santidade (estar em relacionamento com Deus). 
Testemunho da vida 
Como o discípulo viverá essa missão de Testemunho da palavra e da vida? Certamente que esse contínuo embate com o mal não é um espetáculo a divertir o povo, nem se resolve com milagres. Cada um deverá falar de Deus com sua vida e, se possível, falar em nome de Deus com suas palavras. Paulo entra em uma questão muito prática quanto às pessoas virgens (1Cor 7,25). Dá um conselho: ‘o caminho da virgindade é um testemunho claro da dedicação ao Senhor’. Ele sabe que há outros caminhos igualmente bons. A vida é a primeira página do evangelho que assumimos. Ela dever ser um espelho que reflete Jesus. A palavra é necessária para o discípulo. Nem todos podem ser pregadores, mas os que não o são, são instados a dizer as Palavras do Senhor. Nós pregadores ousamos falar sem antes ter ouvido o que o Senhor quer falar, e ter tido essa relação de diálogo com o Senhor. Corremos o risco de ter uma pregação que não conduz a uma mudança. Ela tocará os corações quando tiverem o poder da presença do Espírito. 
Leituras: Deuteronômio 18,15-20; 
Salmo 94; 
1Coríntios 7,32-35; Marcos 1,21-28. 
Ficha 1. A liturgia desse domingo reflete sobre Jesus como “O Profeta” (com maiúscula), aquele profetizado por Moisés. É um profeta que ouve a palavra de Deus e fala tudo e só o que Deus quer. Jesus fala com poder, isto é, com o Espírito Santo. Ele está na comunidade, como é Seu costume. Comunidade é o lugar de anunciar a Palavra. Tem poder de enfrentar o “espírito mau”, o mal personificado em ideias e pessoas que configuram o falso profeta. O mau sabe que Jesus é o Santo que está em contato com Deus. Ele tem poder de transformar o mundo e destruir o mal. 
2. A decisão por Jesus, como vimos no domingo passado, é imediata e total. Por conseguinte, coloca o cristão em choque com um universo de recusas ao Reino de Deus, como Jesus na tentação. As forças do mal são as energias que conduzem ao prazer pelo prazer, poder pelo poder e os bens somente pelo egoísmo. São tensões que exigem coerência de vida. Cada cristão precisa do diálogo com Deus e do poder do Espírito. 
3. Como o discípulo viverá essa missão? Pelo testemunho da vida e da Palavra. Cada um deverá falar de Deus com sua vida e se possível com a Palavra. A vida é a primeira página do Evangelho que assumimos. Ela deve ser um espelho de Jesus. Os cristãos que podem anunciar pela palavra, de modo particular nós os sacerdotes e bispos, devemos dizer as palavras do Senhor depois de tê-la ouvido e termos em nós o poder do Espírito. 
Homilia do 4º Domingo Comum
EM JANEIRO DE 2006

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