quarta-feira, 23 de março de 2022

RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE! DEUS - II - PADRE JOÃO MAC DOWELL

Pe. João A. Mac Dowell S.J. 
Se Deus é bom e todopoderoso, por que não intervém em favor dos que sofrem inocentemente? 
O Deus de Jesus certamente não se alegra com o sofrimento de suas criaturas. Ao contrário, Jesus fala do carinho do Pai celeste que cuida das mínimas necessidades de seus filhos. Por isso não devemos viver angustiados com o dia de amanhã, com o nosso sustento e o nosso conforto. Mas ele não garantiu que Deus vai a cada momento intervir milagrosamente no mundo para resolver os nossos problemas. O próprio Jesus alimentou uma multidão, multiplicando os pães e peixes. Mas não socorreu com um milagre a todos os que estavam passando fome no seu país. Ele curou muitos doentes. Mas muitos outros naquele tempo e até hoje sofreram e morreram por causa de doenças terríveis. Ele mesmo foi atormentado por seus carrascos e morreu pregado numa cruz.Então, apesar de todo o seu amor por nós, Deus seria impotente diante da maldade e das misérias desta vida? Não. É que ele quer prover às nossas necessidades através do nosso trabalho e da solidariedade dos outros. Deus não intervém continuamente no mundo, porque nos trata como pessoas adultas, responsáveis pelo próprio destino: criou o ser humano à sua imagem e semelhança e o constituíu administrador de toda a criação. É o que mostra Jesus quando contou que "um homem de saída para uma viagem chamou os seus servidores e lhes confiou seus bens. Depois de muito tempo voltou o patrão e quis acertar as contas com os servidores"(Mt 25,14.19). Portanto, segundo a parábola de Jesus, Deus está como que ausente do mundo. Ele partiu de viagem, confiando a nós, seus servidores, os seus bens. Compete a nós usar esses talentos para o bem nosso e dos nossos semelhantes, segundo suas ordens. Mas podemos abusar de sua confiança e desperdiçar as riquezas da criação, provocando miséria e sofrimento. No fim dos tempos nosso Senhor virá para pedir contas da nossa administração. É o dia do julgamento, quando Deus intervirá para restabelecer a justiça, para livrar da morte os seus servidores fiéis e recompensá-los com a alegria do seu abraço amigo. Até lá, Deus não se manifesta ostensivamente. A primeira vista, deixa o mundo à mercê dos caprichos humanos. Mas, na verdade, ele está presente no coração dos que creem, com a luz e a força do seu Espírito Santo, orientando os seus pensamentos e as suas ações para a realização do seu plano de amor. Ele não fica insensível nem impotente diante da aflição do seu povo, porque o consola com a "certeza de que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória futura que vai se revelar em nós"(Rm 8,18). 
João A. Mac Dowell S.J. 
EDITORA SANTUÁRIO

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