Evangelho segundo São Marcos 12,38-44.
Naquele tempo, Jesus ensinava a multidão, dizendo: «Acautelai-vos dos escribas, que gostam de exibir longas vestes, de receber cumprimentos nas praças,
de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes.
Devoram as casas das viúvas com pretexto de fazerem longas rezas. Estes receberão uma sentença mais severa».
Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro a observar como a multidão deitava o dinheiro na caixa. Muitos ricos deitavam quantias avultadas.
Veio uma pobre viúva e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante.
Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo: esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros.
Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1873-1897)
Carmelita, doutora da Igreja
Manuscrito autobiográfico B, 1 r-v
(Edições Carmelo, 1995)
«Ela, na sua pobreza, ofereceu
tudo o que tinha»
«Quero fazer-te ler no livro da vida, onde está contida a ciência do amor». A ciência do amor! Ah, sim! Essa palavra ressoa docemente ao ouvido da minha alma. Não desejo senão essa ciência. Perante ela, tendo dado todas as minhas riquezas, penso, como a esposa do Cântico dos Cânticos, nada ter dado... Compreendo perfeitamente que não há nada que nos possa tornar agradáveis a Deus senão o amor; e este amor é o único bem que ambiciono.
Jesus compraz-Se em mostrar-me o caminho que conduz a esta fornalha divina; o caminho é o abandono da criancinha que adormece sem medo nos braços do seu pai... «Se alguém for pequenino, venha a Mim», disse o Espírito Santo pela boca de Salomão (Prov 9,4). E esse mesmo Espírito de amor disse ainda que «a misericórdia é concedida aos pequenos» (Sab 6,6).
Em seu nome, o profeta Isaías revela-nos que, no último dia, «o Senhor conduzirá o seu rebanho para as pastagens, reunirá os pequenos cordeiros e os apertará contra o seu peito» (Is 40,11). Ah, se todas as almas débeis sentissem o que sente a mais pequena de todas as almas -- a alma da vossa Teresinha --, nem uma única perderia a esperança de chegar à montanha do amor, uma vez que Jesus não pede grandes ações, mas apenas o abandono e a gratidão, como disse no salmo 49: «Não preciso para nada dos cabritos dos vossos rebanhos, pois Me pertencem todas as feras das florestas e os que pastam aos milhares pelas colinas. Imolai a Deus sacrifícios de louvor e de ação de graças» (9-14).
Eis, portanto, tudo o que Jesus exige de nós. Não precisa para nada das nossas obras, mas unicamente do nosso amor; porque o mesmo Deus que declara não ter necessidade nenhuma de nos dizer se tem fome, não receou mendigar um pouco de água à Samaritana (cf Jo 4,7). Tinha sede, sede de amor... Ah, sinto mais do que nunca que Jesus está sedento. Não encontra senão ingratos e indiferentes entre os discípulos do mundo; e, entre os seus próprios discípulos, encontra, infelizmente, poucos corações que a Ele se entreguem sem reservas, que compreendam toda a ternura do seu amor infinito.
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