Evangelho segundo São Lucas 8,1-3.
Naquele tempo, Jesus ia caminhando por cidades e aldeias, a pregar e a anunciar a boa nova do Reino de Deus. Acompanhavam-no os Doze,
bem como algumas mulheres que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades. Eram Maria, chamada Madalena, de quem tinham saído sete demónios,
Joana, mulher de Cusa, administrador de Herodes, Susana e muitas outras, que serviam Jesus e os discípulos com os seus bens.
Tradução litúrgica da Bíblia
Bento XVI
papa de 2005 a 2013
Audiência geral de 14/02/07
(trad. © Libreria Editrice Vaticana)(rev.)
Acompanhavam-no os Doze e algumas mulheres
Também no âmbito da Igreja primitiva a presença feminina não é de modo algum secundária. Devemos a São Paulo a mais ampla documentação sobre a dignidade e o papel eclesial da mulher. Ele parte do princípio fundamental segundo o qual, para os batizados, não só «não há judeu nem grego, não há escravo nem livre», como também «não há homem nem mulher». O motivo é que «todos somos um só em Cristo Jesus» (Gal 3,28), ou seja, estamos todos irmanados pela mesma dignidade de fundo, embora cada um tenha funções específicas (cf 1Cor 12,27-30). O apóstolo admite como algo normal que, na comunidade cristã, a mulher possa «profetizar» (1Cor 11,5), isto é, pronunciar-se abertamente sob o influxo do Espírito, contanto que isto seja para a edificação da comunidade e feito de modo digno. Já encontrámos a figura de Prisca ou Priscila, esposa de Áquila, que em dois casos é surpreendentemente mencionada antes do marido (cf At 18,18; Rom 16,3); de qualquer maneira, ambos são explicitamente qualificados por Paulo como seus «colaboradores» (cf Rom 16,3). É necessário reconhecer também que a breve Carta a Filémon é, na realidade, endereçada por Paulo também a uma mulher chamada «Ápia» (cf Film 1,2). Na comunidade de Colossos, ela devia ocupar um lugar de relevo; de qualquer forma, é a única mulher mencionada por Paulo entre os destinatários de uma carta sua. Noutro lugar, o apóstolo menciona uma certa «Febe», qualificada como diákonos da Igreja de Cêncreas (cf Rom 16,1-2). Embora o título não tenha, naquele tempo, um específico valor ministerial de tipo hierárquico, expressa um autêntico exercício de responsabilidade desta mulher em favor daquela comunidade cristã. No mesmo contexto epistolar, o apóstolo recorda com traços de delicadeza outros nomes de mulheres: uma certa Maria, depois Trifena, Trifosa e a «querida» Pérside, além de Júlia (cf Rom 16,6.12a.12b.15). Depois, na Igreja de Filipos, deviam distinguir-se duas mulheres chamadas «Evódia e Síntique» (Fil 4,2): a exortação que Paulo faz à concórdia recíproca deixa entender que as duas mulheres tinham uma função importante no interior daquela comunidade. Em síntese, a história do cristianismo teria tido um desenvolvimento muito diferente, se não fosse o generoso contributo de muitas mulheres.
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