sábado, 23 de maio de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Santos Pedro e Paulo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADOS
44 ANOS SACERDOTE
Pais na fé. 
Celebramos os dois apóstolos Pedro e Paulo. Conhecemos muito pouco dos demais apóstolos. Há tradições que relatam a batalha destes apóstolos. Tomé, por exemplo é considerado evangelizador na Índia. Há lugares tidos como seus túmulos. Alguns foram trazidos nos primeiros no tempo das cruzadas para salvar suas relíquias. Temos por exemplo São Tiago de Compostela. As relíquias dos santos antigos nem sempre são garantidas. O que vale é nosso carinho para com esses companheiros de Jesus na primeira hora. Os Apóstolos Pedro e Paulo foram martirizados em Roma e sobre seus túmulos foram construídas grandes basílicas. Pedro e Paulo são muito venerados em toda a Igreja. São homens que empenharam suas vidas no anúncio da fé em Jesus Cristo e seu Evangelho. Paulo, mais preparado, formado com muita ciência do judaísmo e sua presença no Império Romano. Pedro era um homem simples, forte e trabalhador. Entusiasmado no seguimento de Jesus assume a missão. A fé que professamos nasce do dom da fé que esses dois apóstolos viveram com intensidade e ensinaram com clareza. Professamos a de Pedro e de Paulo. Rezamos na oração da Missa: “Concedei à vossa Igreja seguir em tudo os ensinamentos destes apóstolos que nos deram as primícias da fé” 
Faces da Igreja 
Lemos no prefácio: “Hoje nos dais a alegria de festejar os Apóstolos São Pedro e São Paulo. Pedro o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o Evangelho da Salvação. Por diferentes meios, os dois congregaram a única família de Cristo e, unidos pela coroa do martírio... recebem hoje igual veneração”. A Igreja cresce de modos diferentes. Imaginemos isso num tempo em que tiveram de formar a Igreja. Pedro anunciou aos judeus e criou o modo de viver a fé a partir de Jesus na tradição de Israel. Esse modo de ser durou por séculos e deixou sua marca em toda a Igreja. Podemos pensar, por exemplo, na Eucaristia que parte da ceia pascal judaica. Paulo soube conservar o fundamental da fé vivida em Jerusalém. Os pagãos não conheciam a bíblia. Sua fé cresce no mundo pagão, no império grandioso, mas não perde sua consistência. Paulo não aceitava forçar os pagãos convertidos a viverem as tradições judaicas. Vemos aí sua sabedoria de, sem perder a integridade da fé dos cristãos vindos do judaísmo, fazer crescer a Igreja, da qual nascemos. Seria muito precioso, num mundo pluralista, continuar a fé dos antigos e dar nossa contribuição para seu crescimento. Nos últimos séculos se bloqueou toda a iniciativa, e em coisas que não fazem parte da fé. A Igreja tem muitas faces. 
Guiados pelo Espírito 
Moisés, ao enfrentar o faraó e dirigir o povo, caminha “como se visse o invisível” (Hb 11 27). Paulo e Pedro anunciaram Cristo, Messias prometido, e abriram caminhos para os que viriam depois. Pedro foi capaz de superar a pressão dos que não queriam a conversão dos pagãos e a obrigatoriedade de seguirem as tradições judaicas, como lemos em Atos capítulo 10. Sentiu a presença do Espírito que desceu sobre eles como em Pentecostes. Paulo abre caminhos e perfaz os caminhos da Ásia Menor, atual Turquia, e faz discípulos. Foi perseguido pelos falsos irmãos. Atualmente temos dificuldade de ouvir o que o Espírito fala às Igrejas. Onde se calou no Espírito, a Igreja fenece. 
Os santos também brigam. 
Sempre vemos os santos acabadinhos, perfeitos, modelos de todas as virtude e impecáveis. É bem assim que se faz um santo. Eles lentamente foram construindo a vida nova em suas atitudes. Os santos são pessoas normais e têm direito de ter seu temperamento. Lendo os Atos dos Apóstolos vemos que o relacionamento entre Pedro e Paulo não deixava de ter alguma farpa. Paulo foi perseguidor dos que seguiam Jesus. Era homem perigoso e conhecedor da fé judaica. Teve o encontro com Jesus que o escolheu como apóstolo. O relacionamento entre os que vinham do paganismo e os que vinham do judaísmo era tenso. Paulo defendia que os pagãos não precisavam seguir as tradições judaicas. Pedro andou pisando em duas canoas e Paulo chamou sua atenção dizendo que o procedimento não era correto. Paulo era firme na idéia de pregar a verdade. Por isso vai a Jerusalém para ver se seu ensinamento correspondia ao que eles ensinavam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário