PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
Farei novas todas as coisas.
Estamos próximos das festas pascais, passando pela Paixão do Senhor. Somos convocados a identificar nossa vida com a vida do Redentor. Rezamos na oração da missa: “Dai-nos caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo”. Devemos fazer o mesmo caminho de amor na entrega ao Pai. Essa entrega visa o chamado à conversão e perdão dos pecados. Jesus perdoa o pecado, mas quer que saiamos dele com coragem e serenidade. Temos no evangelho a maravilhosa cena da pecadora que está diante de Jesus, na espera de uma condenação, mas ganha um perdão. É o que diz o profeta Isaias: “Eis que farei novas todas as coisas e, que já estão surgindo” (Is 43,19). A Redenção de Jesus é maravilhosa em sua dimensão de perdão e vida nova, como “rios que brotam na terra seca” (Id 20). Esse perdão é total transformação do mundo. Por mais que tenhamos problemas, já temos as soluções em Cristo: “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria” (Sl. 125). A Paixão de Jesus deixa-nos estupefatos diante da crueldade dos homens. Pior é que os homens não se renovam e repetem as mesmas crueldades com o povo, sem se darem conta que continuam assassinando o Filho de Deus no corpo dos sofredores. Jesus continua a escrever no chão a lista de nossos pecados. Escreve no pó da areia. Deus não grava nossos pecados, pois não escreveu em pedra. Os ventos os levam. A Redenção é a maravilha de Deus em Cristo. O sofrimento que Lhe custou a vida não são mais que traços desse amor.
Considero tudo lixo
O mistério da Redenção atinge nossa vida no momento em que damos a Cristo valor total. Paulo é o modelo acabado de escolher Jesus com totalidade de sua vida: “Por causa dele perdi tudo. Considero tudo como lixo, para ganhar Cristo e ser encontrado por Ele... com a justiça por meio da fé em Cristo, a justiça que vem de Deus na base da fé” (Fl 3,8-9). Nossa fé sofre de um defeito que é a falta de entrega. Sem isso, não passa de uma ideologia religiosa que sustenta algumas frágeis opções. Na maioria das vezes damos valor ao secundário, ao inútil, ao cultural, ao vazio, ao que não compromete. Religião não é ideologia. Vivemos uma busca de princípios sociais religiosos. Por isso a fé perde a vitalidade que levou homens e mulheres a darem a vida por Cristo. Quando deixarmos tudo por Ele, saberemos o que significa ter fé. Podemos considerar lixo aquilo que não gera vida, isto é, não seja fruto do amor, “o mesmo amor que levou Jesus a entregar-se à morte no seu amor ao mundo”. Celebrando seu Mistério Pascal, mistério da Paixão, Morte e Ressurreição, temos a certeza de realizar em nós o que celebramos na comunidade. Temos tanta certeza dessa verdade que dizemos: “Vem, Senhor Jesus”!
Atire a primeira pedra
Poderiam condenar a mulher como adúltera (O adúltero não aparece). Não pecou também? Os que queriam que Jesus condenasse a mulher para acusá-Lo de não cumprir a lei, acabaram por acusarem a si mesmo de pecadores. Jesus, inocente, não atira a primeira pedra, pois a sua inocência conhece o perdão e crê na conversão, pois diz à mulher: “Ninguém te condenou? - Ninguém Senhor! – Eu também não te condeno. Daqui em diante não peques mais” (Jo 8,11). Jesus dissera: “Eu não condeno ninguém” (Jo, 8,15). Quando muito podemos dizer: esse caminho não é bom, pois não sabemos o que há no coração do homem para acusá-lo. Há muitos acusadores. São os fariseus de sempre.
Jesus escrevia no chão
Essa cena de Jesus escrever no chão é muito intrigante. Podemos pensar que escrevesse os pecados dos acusadores, pois, depois saíram de fininho, quando Jesus disse que, quem não tivesse pecado jogasse a primeira pedra.
A acusação era grave e a situação de Jesus era desagradável, pois se negasse, seria acusado de não cumprir a lei. Jesus não toma nenhuma atitude. Fica rabiscando o chão com um ramo, quem sabe. Está dizendo que aquilo não lhe interessava. Não nega a lei. Mas dá o desprezo à atitude deles.
E vão saindo um após outro, a começar dos mais velhos. Envelhecer no pecado é muito ruim.
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