A Vita S. Berlendis foi escrita por Hugues de Fosses por volta do ano 1050. É difícil separar os elementos biográficos certos das legendas que foram sendo acrescidas à sua pessoa. O autor da vida de Santa Gudula considera que Berlinda teria vivido no século VII. Após estudos de R. Podevyn, esta afirmação foi radicalmente modificada e a vida de Berlinda foi inserida em fins do século IX e início do século X.
Berlinda era filha de Odelardo, conde do Pagus de Brabant, do tempo de Vigerico, duque da Lotaríngia. Sua mãe era Santa Nona de Meerbeke, uma prima de Santo Amando.
Por volta de 880, durante a invasão normanda das Flandres, Odelardo foi um senhor de guerra a serviço do duque Vigerico da Lotaríngia (morto em 922 ou 923). Durante tal guerra ele perdeu seu filho Eligardo, e ao retornar a Meerbeke, foi atacado pela lepra. Berlinda já era órfã de mãe e vivia com o pai.
Há diferentes relatos acerca do conflito que se estabeleceu entre Berlinda e o pai: algumas fontes dizem que Odelardo zangou-se porque ela não estava cuidando bem dele; outras mencionam que ele encolerizou-se por ela não querer compartilhar o mesmo copo de água com ele devido sua condição. Num acesso de cólera ele transferiu todos os seus bens para a Abadia de Nivelles e Berlinda foi deserdada.
Deserdada, Berlinda teve que se refugiar num mosteiro de Moorsel (Flandres oriental). Ali viveu vários anos com umas poucas monjas que haviam retornado ao mosteiro após a invasão normanda de Chévremont, próximo de Liège, onde se tinham refugiado. Um dia Berlinda recebeu a notícia do falecimento de seu pai: Odelardo faleceu entre 919 e 924.
Após a morte do pai, Berlinda voltou para Meerbeke, e viveu como religiosa eremita com companheiras na Igreja São Pedro (fundada por seu pai) e morreu entre 936 e 941, dezessete anos depois da morte de seu pai.
Cerca de trinta anos após a morte de Berlinda, o bispo de Cambrai, Autberto II (960-65) procedeu à solene transladação das suas relíquias para uma nova igreja dedicada à Virgem, construída em Meerbeke. O cuidado desta igreja foi confiado à uma comunidade de seis monjas e de seis eclesiásticos sob a direção de um eclesiástico nomeado pela abadessa de Nivelles.
Santa Berlinda é geralmente representada como monja beneditina, tendo um cálice na mão, uma provável referência ao cálice de seu pai leproso. Ela é venerada na igreja paroquial de Meerbeke, cidade onde se encontra também uma capela pública que lhe é dedicada.
Algumas relíquias da Santa foram levadas para o mosteiro de Santo Estevão de Tulle.
Berlinda é uma das santas mais populares e mais veneradas na Bélgica. Patrona contra várias doenças, particularmente dos animais e sobretudo dos bovinos, ela é particularmente popular no ambiente agrícola. Especialmente no tempo de Pentecostes várias peregrinações de camponeses das Flandres, do Brabante e de Hainaut se dirigem à Meerbeke para rezar junto ao túmulo da Santa.
Santa Berlinda é festejada no dia 3 de fevereiro na Ordem beneditina e na Diocese de Gand. É recordada também em outras datas, segundo as várias transladações.
Capela de Sta. Berlinda em Meerbeke |
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