Por que fazemos a Quaresma? A essa pergunta recebi muitas respostas:
para conversão, para oração e penitência etc... Podemos perceber que a Páscoa ainda
está longe da cultura espiritual e catequética de nosso povo. Estamos como
Madalena, desnorteada diante do túmulo de Jesus, procurando um defunto que
sumiu: “Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde O puseram” (Jo 20,2). Certamente
o amor supera a fragilidade da fé. Ela representa ali a fé de todos que ainda
não chegaram a perceber que Jesus vive e é o Senhor. É nessa situação que
fazemos nossa profissão de fé: “Creio que padeceu sob Pôncio Pilatos, foi
crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao
terceiro dia” (Profissão
de fé). Ela, frágil e apaixonada, busca o Senhor e é a primeira a dar o
testemunho do túmulo vazio. Vemos a seguir que Pedro e João correm ao túmulo. A
juventude do amor é mais rápida. Mas o amor respeita a fé. João corre, chega
primeiro, vê, mas não entra ao túmulo. Espera a confirmação daquele a quem fora
confiada a primeira profissão de fé, não vinda da carne, mas de Deus (Mt 16,16-17). Entrou
e viu. João viu e creu. Faltava ainda o Espírito para lhes abrir a compreensão
da realização das Escrituras. Celebrando a Ressurreição do Senhor, podemos
perceber a diferença entre sua ressurreição e a de Lázaro, do filho da viúva de
Naim e da filha de Jairo. Eles voltaram à vida; Cristo passa à vida nova para a
qual toda a humanidade é chamada. Vamos encontrar seu reflexo na vida nova que levamos
como lemos em Paulo aos Colossenses: “Se ressuscitastes com Cristo,
esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo sentado à direita
de Deus; aspirai às coisas celestes e não às terrestres” (Cl 3.1-3).
Abristes
as portas da eternidade
Há
muito simbolismo no momento da morte de Jesus: “O véu do Santuário se rasgou em
duas partes, de cima a baixo, a terra tremeu e as rochas se fenderam” (Jo 27,51). Este véu era
o cortinado que isolava o lugar da presença de Deus e aí só entrava o sumo
sacerdote uma vez ao ano. Com a morte de Jesus o acesso a Deus está aberto a
todos. O Ressuscitado abre para nós o lugar sagrado. Quando rezamos que “desceu
aos infernos”, dizemos que sua morte e ressurreição são também para os que já
morreram, como indicam as palavras “os túmulos se abriram e muitos corpos dos
santos falecidos ressuscitaram”. O Céu agora está aberto a todos. A natureza
entra no fruto dessa ressurreição. As pedras se racham. É o dia de o Senhor
manifestar-Se em seu poder (Am 8,9). A Ressurreição de Jesus não é um fato isolado, fruto
de uma morte inoportuna, mas é a restauração total do universo, ferido pelo
pecado. Os que morreram em Adão ressuscitam em Cristo (1Cor 15,22). N
Passou
fazendo o bem
O
anúncio da Ressurreição feito pelos apóstolos faz uma síntese da vida de Jesus
começando pelo batismo até sua glorificação, como anúncio fundamental: “Nós que
comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos” (At 10,41). Eles foram
testemunhas da Ressurreição e salientam que Jesus, “ungido por Deus com o
Espírito Santo e com poder, andou por toda parte fazendo o bem e curando a
todos os que estavam dominados pelo demônio, pois Deus estava com Ele” (38). Paulo nos
convida a buscar as coisas do alto (Cl 3,1), que é viver como Jesus viveu: fazendo o bem. Entramos
no caminho da caridade, pois sua morte e ressurreição são obras do amor. A
ressurreição vai ser nossa vida quando assumirmos nossa ressurreição com Cristo
no Batismo.
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