A Igreja já tem dois milênios de experiência de acertos e
erros. Nesses longos séculos viveu épocas diferentes: Império Romano, mundo dos
novos povos que são chamados bárbaros. Percorreu a Idade Média, longa o
suficiente para que estes povos se estabelecessem e se formassem. Era uma
Igreja dirigida por pessoas destes povos. Passou por uma longa Idade Média que
gestou o mundo moderno. Foi invadida pelas belezas e problemas da Renascença.
Houve o domínio da política sobre as estruturas da Igreja. Era um reino
político e ao mesmo tempo Igreja de Cristo. As conseqüências foram grandes. O
poder penetrou muitas esferas e muita gente o usou e o justificou. Esse assunto
é muito amplo e necessita de muito conhecimento. Não basta só jogar pedras no
passado, pois cada tempo tem sua maneira de pensar e deve ser entendido em seu
contexto histórico. Não interessa somente acusar, mas ver os caminhos para
transformamos a força do poder em um poder de servir. O que podemos notar na
Igreja é a grande quantidade de santos que souberam usar o poder para servir a
Deus no anúncio do Evangelho e servir ao povo na sua dedicação. Quem seguiu
Jesus foi desapegado dos bens materiais e cuidou dos necessitados, estando
sempre a serviço de todos. Mesmo vivendo nos palácios, souberam viver a
santidade do poder que é a capacidade de servir. Sem muita santidade torna-se
impossível ter o poder sadio. Jesus disse: “Quem entre vós é o maior, torne-se
como o último; e o que governa seja como o servo… Todavia, eu estou no meio de
vós, como aquele que serve (Lc 22,26-27). Jesus soube ter poder. Temos as
fragilidades e os pecados de cada tempo. Se estivéssemos lá não faríamos
diferente. O pior é dar justificativas evangélicas ao que não tem a ver com o
Evangelho de Jesus.
1439. Em busca de um
caminho
Como sabemos, a Igreja está sempre
em conversão, por isso tem sempre que renovar estruturas humanas para viver
melhor o Evangelho. Muitos reformadores quiseram renovar a Igreja, mas
separando-se dela. A doença se cura no doente e não criando a desunião que é
uma doença a mais. Entre os males dos tempos que grudaram no corpo dos
seguidores de Jesus, está o modo como conduzir o povo de Deus. Moisés dirigia
um grande povo pelo deserto. Era um povo de cabeça dura, como diz a Escritura
(Ex 9,32). Ele, contudo era uma pessoa “muito humilde, mais que qualquer pessoa
deste mundo” (Nm 12,3). Moisés nos mostra um caminho. Jesus tem o mesmo perfil:
humildade e simplicidade. Que ganhamos com poder, autoritarismo e prepotência?
Muitos se afastam por culpa deste modo de agir. Não estamos mais que deixando
nos levar por nossos males pessoais e pelo mal que nos envolve. Será que o
Evangelho não é suficiente para governar o povo de Deus? Se buscarmos este
caminho poderemos fazer um anúncio puro do Evangelho.
1440. Caminhos da
comunidade
Quando dizemos Igreja, no caso a
católica, dizemos comunidades que formam a Igreja. Não há uma Igreja sem as
pessoas que se reúnem, pois Igreja já significa convocação. Ela se faz de
pessoas concretas que são as células que compõe esse Corpo. É nela que acontece
a vida e se leva adiante a evangelização. É na base que se faz a renovação
permanente da Igreja. O povo de Deus é sempre chamado a se organizar de modo a
expressar o Evangelho. O mandamento do amor tem conseqüências práticas e
penetram o modo de agir. É na base que se cria o mundo novo. Sempre dizemos que
os outros devem mudar. Mudemos a nós
próprios que todos serão renovados.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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