PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA-REDENTORISTA 50 ANOS CONSAGRADO |
2053. Festejos Juninos
Com
muita bandeirinha, pipoca, quentão, quadrilha e fantasia de caipira, celebramos
as festas juninas. Saíram de seu mundo e foram para o folclore. Escolas,
bairros, associações festejam o que era uma celebração popular. Em lugares mais
tradicionais as festas ainda têm o nome dos santos padroeiros: Sto. Antonio, S.
João Batista e S. Pedro e S. Paulo. Estas festas exerceram ou podem exercer uma
boa missão de evangelização do povo na linguagem cultural. Se olharmos
superficialmente a história da fé no Brasil, veremos a carência de sacerdote e de
estrutura da Igreja em grande parte do território. A população, seguindo
tradições dos colonizadores, manteve sua fé. Soube unir a fé à cultura local.
Infelizmente, com o êxodo rural, se modificou a configuração das comunidades do
interior. Em volta de cada um dos santos havia um conjunto de ensinamentos que
versavam sobre o conhecimento de Jesus, a vida em comunidade e o processo de
conversão. Junto desses santos há sempre a necessidade de um milagre. A V
Conferência Geral do Episcopado Latino e do Caribe, em documento (Documento de
Aparecida), seguindo o ensinamento dos Papas, reconheceu o valor e a força da
piedade popular porque se encontra unida à cultura. É uma fusão perfeita de fé,
cultura e evangelização. S. João Paulo II nos diz: “A fé só é adequadamente
professada, entendida e vivida, quando penetra profundamente no substrato
cultural do povo.” (Doc.
Aparecida, nº 477). “Ajuda os cristãos a viverem sua fé com alegria e
coerência”
2054. Transmissão da fé
Essas festividades juninas
perderam seu aspecto religioso, permanecendo só a parte folclórica. Mas elas
constituem um modo de se fazer uma evangelização conveniente do povo. Temos
tantos modelos, mas nos esquecemos de perguntar como o povo entende. Nós
precisamos aprender do povo como ele aprende. É preciso “saber a cartilha que ele
usa”. É um diálogo de vidas. Evangelizar não é levar conteúdos, mas vida em Cristo.
Por isso essas comunidades tornam-se modelo de evangelização. Nós vemos como
Jesus era prático ao falar ao povo: usava parábolas, tirava ensinamento de seus
milagres, usava frases curtas que constituem grandes ensinamentos. Somente
depois de 30 anos de experiência com seu povo que se sentiu apto a lhe dirigir
uma palavra nova. Ele não era um desconhecido que chegou com uma doutrina nova.
Primeiro aprendeu sua linguagem e depois a usou para ensiná-lo. Nós vamos com
discursos prontos que passam sobre suas cabeças. Temos muito que aprender de
nossas festas populares. Elas têm uma linguagem própria que é acessível a
todos. O mundo mudou muito nesses últimos tempos, mas o povo é mais lento em
suas mudanças. Podemos dizer que os tempos não mudam o coração.
2055. Recuperar os valores
Os valores que nossos antepassados
nos transmitiram se tornam para nós uma obrigação. Esses valores têm fundamento
na tradição. Em todas essas festas juninas temos como suporte primeiro o valor
da comunidade. Todos em volta de uma mesma alegria. É o sentido de todos que fazem
a festa para todos. A alegria compreende também os santos que são nossos
irmãos. Por isso os padroeiros. Recuperam-se os valores da terra em seus
produtos simples transformados por mãos simples do povo e delícias que fazem
bem ao coração. O valor da abertura a todos. É bom ser gente. Há um anseio de
voltar à vida simples de nosso povo, valorizando assim o homem e a mulher do povo
como geradores de vida.
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