sexta-feira, 6 de abril de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Um rei para povo”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO

Cristo, Rei Salvador
            O  Filho mostra-nos na celebração de hoje a realeza Divina, visível e operante na Humanidade Ressuscitada. O Ressuscitado está sempre presente na celebração do domingo. Crer em Cristo como Rei é difundir seu reino de Amor, de Justiça e de Paz (prefácio). Rei, na linguagem bíblica, tem o sentido de Salvador do povo. Está no lugar de Deus para o bem. Nos três ciclos da liturgia (Anos A, B e C) temos uma visão ampla da festa: Cristo é o Rei da glória, o Ressuscitado que vem buscar os eleitos depois do juízo (Mt 25,31-46); Na humildade de seu extremo aniquilamento que foi até à Morte testemunha ao mundo o Reino – Salvação para o povo de Deus; No ano C é declarado Rei na Cruz e Hoje vem com o Seu Reino abrindo o Paraíso (Luc 23,35-43). Deve-se abandonar a visão de Cristo Rei com manto vermelho, coroa de pérolas, globo e cetro, pois isso é coisa de um tempo em que Cristo era como um rei concorrente com os reis no mundo. Subiu na cruz como Rei Salvador e ali está para ressuscitar e vir com Seu reino de Salvação. Na liturgia reconhecemos que Cristo veio do Pai para restaurar todas as coisas e conduzi-las à Glória.
Abre as portas para a vida
            No momento da crucifixão, Jesus é assediado pela tentação como aconteceu no deserto (Lc 4,1-13). Lucas disse: “Tendo acabado toda a tentação, o diabo O deixou até o tempo oportuno”  (13). A tentação no momento de Sua morte lembram as três tentações. Os chefes do povo, os soldados e o ladrão refazem a tentação: Dizem os chefes: “Salvou os outros, salve a si mesmo, se é o Cristo de Deus, o Escolhido”. Negam-lhe a filiação divina (Lc 4,3). Os soldados insultam: Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!” Negam a realeza (Lc 4,7): Um dos ladrões que fora crucificado com Ele, O insultava: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós! Nega-lhe a filiação. Jesus é tentado em Sua identidade de Filho. Cristo vence e é fiel ao programa messiânico aceito no Batismo. É tentado em seu ser: Filho de Deus Salvador. Por isso temos a palavra do outro ladrão a quem chamamos de bom: “Lembra-te de mim quando vieres com teu Reino”. O ladrão repropõe a Jesus Sua missão e Sua identidade de Filho, Messias - Salvador. Jesus responde: “Hoje ainda estarás comigo no Paraíso”. Ele é o Rei Salvador que traz ao homem perdido o Reino definitivo. Depois destas palavras Ele se entrega obediente: “Pai, em tuas mãos, entrego o meu Espírito” (Lc 23,27). Abrem-se as portas do Reino. Mostra-se aí a finalidade de Sua morte para o perdão total de todos. É o Dia de Deus. O ladrão sabe que Jesus realizará o Reino que deve vir e vindo o encontrará, mesmo se estiver morto. Para conhecer o Rei, Paulo nos ensina: “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criação... Ele é a cabeça do corpo que é a Igreja. Deus quis por Ele reconciliar consigo todos os seres”  (Cl 1,12-20).
Estar com Ele na cruz
Vivemos tendências opostas ao Cristo servidor: Estilo principesco da Igreja, prepotência e distancia do povo. Inimaginável a capacidade que temos de justificar nosso distanciamento do evangelho e do modelo que é Jesus. Só pertencemos ao Reino de Cristo quando temos Seus sentimentos e Sua mentalidade e fazemos de nossa vida uma imagem Sua. Estar com Êle na cruz, que é o trono do rei, é consumir os dias pelos redimidos e nos unirmos a Ele para que esse sangue derramado, que é o manto vermelho do rei, chegue a todos. Estamos perdendo o estímulo missionário. Vemos na Igreja atualmente uma recusa à simplicidade. Isso é mau.

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