O
Advento coloca-nos numa perspectiva de caminhar ao encontro do Senhor que vem e
ao mesmo tempo numa abertura para acolher Sua vinda. João Batista é o grande
ícone colocado à nossa meditação. Lucas o apresenta bem dentro da história de
seu tempo citando as autoridades civis e religiosas. Deus falou a seu povo por
meio de João num tempo concreto. João não é uma ideia. Assim nos indica que é
em nosso tempo que a redenção se realiza. João nos conduzirá nesses quatro
domingos do Advento. Advento, que significa chegada, é tempo de grande
esperança. Com a vinda de Cristo, temos respostas para nossas esperanças e
alento nas dificuldades tornando retos os caminhos da vida. A pregação de João
é como o afunilar de todo o Antigo Testamento que esperou o Messias e agora se
prepara para sua chegada. João não faz poesia. Sua pregação é muito concreta. Paulo
dá um belo exemplo sobre como viver a palavra de Deus deste domingo: viver
ligado aos irmãos pelo amor. Ele diz: “Tenho saudades de todos vós com a
ternura de Jesus Cristo” (Fl
1,8). Preparar os caminhos é encurtar as distâncias entre as pessoas. O
amor cresce e ajuda no discernimento. Não basta preparar os caminhos, é preciso
fazer a caminhada ao encontro do Senhor que vem ao nosso encontro. Por isso
rezamos na oração da Missa: “Nós Vos pedimos que nenhuma atividade terrena nos
impeça de correr ao encontro do vosso Filho, mas instruídos pela vossa
sabedoria, participemos da plenitude de sua vida”. Como o povo de Deus sentiu
Sua presença, nós também podemos ver a presença de Deus e dizer: “Maravilhas
fez conosco os Senhor!” (Sl
125). Deus acerta nossos caminhos.
Tempos de restauração.
O profeta Baruc,
contemplando o retorno do povo do exílio, vê a cidade de Jerusalém revestida de
glória e seus filhos que voltam exultantes porque Deus se lembrou deles (Br 5,5). A confiança
depositada em Deus, pelos sofridos deportados, tornou-os resistentes e firmes. A
vinda de Cristo é como esse retorno. É João Batista que indica o caminho a
vinda de Cristo pela pregação e pelo Batismo: “Ele percorreu toda a região do
Jordão, anunciando um batismo de penitência para a remissão dos pecados”. Os
montes e vales não são geográficos, mas estão dentro do coração de cada um. O
homem modificado modifica o mundo. Este tempo do Ano Litúrgico tem essa
característica: abrir caminhos para Deus vir a nós. Deus conta com nossa
participação.
Caminhar ao encontro do Senhor
Vamos ao
encontro de Cristo apreciando com sabedoria os dons deste mundo e amando as
coisas do Céu (Pós-comunhão).
Os valores que o mundo nos traz, quando colocados à luz de Cristo, tornam-se
preciosos instrumentos de salvação. Por eles podemos preparar esta vinda de
Cristo no Natal. No meio das dificuldades podemos ter a certeza que Deus, que
começou esta boa obra em nós, irá levá-la à perfeição até o dia da vinda de
Jesus (Fl 1,6) . Convertidos
pela opção por Cristo, seguindo o exemplo de João, podemos ajudar a tantos a
buscarem a Cristo. A missão da Igreja é aplainar o caminho para irem ao
encontro de Deus e ensiná-los a se abrirem pela conversão de seus corações. É
assim que as passagens tortuosas tornar-se-ão retas. Vivemos numa sociedade
onde os montes da vaidade e da ganância provocam os vales do vazio e da
insensatez. A fraternidade poderá aplainar essa estrada e conduzir todos à
gruta de Belém e voltarem com os corações mudados.
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