terça-feira, 10 de outubro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Tu és o Cristo!”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
E para vós, quem sou Eu?
               Jesus perguntou: “Quem dizem os homens que eu sou?” (Mc 8,27). Por que essa pergunta? Tudo o que Jesus fez até então em palavras e obras miraculosas não foi suficiente para que tivessem certeza de sua missão? É um momento de crise. O povo O identifica com diversos personagens: João Batista, Elias, um profeta, já mortos. Para Jesus é um momento duro. Ele tem junto de si um frágil grupo de discípulos. O povo tinha outra expectativa quanto ao Messias. Ele traria todos os bens materiais possíveis. Seria um Messias ‘resolve meus problemas’. Por isso não queria que O chamassem de Messias, pois não era esse seu projeto. Voltando-se  para os discípulos pergunta: “E vós, quem dizeis que Eu sou?” (29). A resposta de Pedro é profissão de fé feita em nome de todos os que crerão: “Tu és o Messias”. Essa palavra não vem nem da carne nem do sangue, mas do Pai que está nos céus, nos diz Mateus (Mt 16,17). A profissão de fé, que é dom, Pedro a faz da parte do Pai. Marcos, em seu evangelho, quer levar a reconhecer Jesus como o Cristo, Filho de Deus. A palavra Cristo é a mesma que Messias. Aquela em grego e esta, em hebraico. A profissão de fé de Pedro está no centro do evangelho. Dá a entender que até ali foi um processo para levar à fé; depois desta proclamação Jesus conduz à consequência da fé que é o seguimento até à cruz. Na cruz e na ressurreição é que Jesus se revela realmente o Messias de Deus, o servo predito por Isaias ( Is 50,5-9ª).
Um caminho de dores
               A partir deste momento, Jesus anuncia seus sofrimentos, a rejeição dos sumos sacerdotes, anciãos e doutores, ser morto e ressuscitar depois de três dias (31). Pedro chama a atenção de Jesus por essas palavras. Vemos que ele, mesmo professando a fé, permanece pensando o Messias como pensa seu povo. Jesus o rechaça com uma palavra dura: “Afasta-te de mim Satanás! Tu não pensas como Deus, mas sim como os homens” (Mc 8,33). Continuando, entendemos que professar a fé é seguir o caminho de Jesus: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, mas quem perder sua vida por causa de mim e do evangelho, vai salvá-la” (Mc 8,34-35). Esta é a essência do ser cristão. O caminho do discípulo se une ao de Jesus. Quem crê vive o que Jesus viveu, recebe a mesma glória, mas passa pelo caminho de sofrimento. Quem recusa Cristo Crucificado é Satanás, que significa obstáculo ao caminho. Isto é não pensar como Deus, como diz Jesus a Pedro que o queria desviar do caminho da Paixão. Muitas religiões e pessoas gostam de Jesus, como os judeus, mas o Messias Salvador é o da cruz e da ressurreição. O caminho é claro: tomar a cruz com Ele.
 Uma fé que age
               Tiago traduz essas palavras para evitar que se viva uma fé vazia: “A fé, se não se traduzir em obras, por si só está morta”... “Mostra-me tua fé sem obras, que eu te mostrarei a minha fé pelas obras!” (Tg 2,17-18). As obras da fé estão diretamente ligadas à caridade para com as pessoas, no cuidado para que tenham o que vestir e o que comer. Tiago nos diz que não bastam palavras bonitas, mas solucionar a fome com a comida, e o frio com o agasalho. Do contrário a fé é vazia do seu conteúdo. Não basta saber que Deus existe, é preciso mostrá-lo através de nossas atitudes e obras. A Eucaristia sem as obras também é morta. O culto nasce do amor ao próximo para chegar até Deus.
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