Evangelho segundo S. Lucas 10,38-42.
Naquele
tempo, Jesus entrou em certa povoação e uma mulher chamada Marta recebeu-O em
sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria, que, sentada aos pés de Jesus,
ouvia a sua palavra. Entretanto, Marta atarefava-se com muito serviço.
Interveio então e disse: «Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe
sozinha a servir? Diz-lhe que venha ajudar-me». O Senhor respondeu-lhe:
«Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só
é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona
(norte de África),
doutor da Igreja
Sermão 104; PL 38, 616
Creio que compreendeis que estas duas
mulheres, ambas diletas do Senhor, dignas do seu amor e suas discípulas, [...]
são a imagem de duas formas de vida: a vida deste mundo e a vida do mundo
futuro, a vida de trabalho e a vida de repouso, a vida das preocupações e a vida
da bem-aventurança, a vida no tempo e a vida eterna.
Duas vidas:
meditemos mais longamente sobre elas, e consideremos de que é feita esta vida.
Não me refiro a uma vida censurável [...], a uma vida de vícios, de impiedades;
não, falo de uma vida de trabalho, carregada de provações, de angústias, de
tentações, de uma vida que não tem nada de culpável, de uma vida que era
efetivamente a de Marta. [...] O mal estava ausente desta casa, tanto em Marta
como em Maria; se estivesse presente, a chegada do Senhor tê-lo-ia dissipado.
Duas mulheres aí viveram e as duas receberam o Senhor, duas vidas admiráveis,
retas, uma feita de trabalho, a outra de repouso. [...] Uma de trabalho, mas
livre de perturbações, que são obstáculo à vida entregue à ação; a outra isenta
de ociosidade, que é obstáculo à vida contemplativa. Havia nesta casa as duas
vidas, mas a fonte era a mesma. [...]
A vida de Marta é o nosso mundo; a
vida de Maria é o mundo que esperamos. Vivamos neste mundo com retidão, para
obtermos o outro em plenitude. Que possuímos já dessa vida? [...] Precisamente,
neste momento, vivemos de certa maneira essa vida: afastando o trabalho, pondo
de parte as preocupações familiares, reuni-vos e escutais. Comportando-vos
assim, assemelhais-vos a Maria. Isso torna-se-vos mais fácil do que a mim, que
tenho de tomar a palavra. No entanto, o que digo é a Cristo que vou buscá-lo, e
este alimento é de Cristo. Porque é o pão comum a todos, e é para isso que vivo
em comunhão convosco.
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