“Vamos
ouvir o que o Senhor quer falar” (Sl 84,9). Esta é a atitude de quem se aproxima da Palavra de
Deus e se põe à escuta onde Ele fala. Normalmente usamos a Palavra de Deus para
falar aos outros o que queremos. Usamos a Palavra. O Pai quer entrar em contato
conosco. Fala de infinitos modos e não está preso um único modo de comunicação.
Podemos constatar, pela história da salvação que Deus Se comunica. Seu Filho,
encarnado é chamado de VERBO – PALAVRA. No coração da SSma. Trindade, o Filho é
o Diálogo, a contínua comunicação. Essa Palavra nos foi comunicada na pessoa do
Filho encarnado. A carta aos Hebreus diz: “Muitas vezes e de modos diversos
falou Deus, outrora aos Pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os
últimos, falou-nos por meio de seu Filho” (Hb 1,1-2). Jesus afirma: “Não falei por mim
mesmo, mas o Pai, que Me enviou, Me prescreveu o que dizer e o que falar” (Jo 13,49). Jesus é o
comunicador do Pai. Os apóstolos foram os últimos a receberem a Palavra que foi
guardada como Escritura. Não temos novas revelações. As aparições “modernas”
não aumentam a verdade a ser acreditada. Deus fala em nosso coração. Não é bom,
aliás um péssimo costume, abrir a bíblia, a esmo, para procurar uma Palavra de
Deus para o momento. Aconteceu que um sujeito, estando com medo de viajar de
avião, abriu a bíblia, por sugestão da mulher. Bateu o dedo e deu com as
palavras: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 24,43), como disse Jesus ao ladrão. Aí
que não foi mesmo. Não existe isso. Isso é tentar a Deus. Deus não é loteria.
Buscar
na inteligência da Palavra
São
Pedro, que não era intelectual como Paulo, comenta a profundidade de suas
cartas e acrescenta “É verdade que em suas cartas se encontram alguns pontos
difíceis de entender, que os ignorantes e vacilantes torcem, como fazem com as
demais Escrituras” (2Pd
3,15-16). A Palavra está aberta a todos. Mas há necessidade de conhecer
melhor. Não basta só abrir e citar os textos e interpretá-los. Pedro diz ainda:
“Sabei que nenhuma profecia da Escritura resulta de uma interpretação
particular, pois que a profecia jamais veio por vontade humana, mas os homens
impelidos pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus” (2Pd 1,20-21). A interpretação deve ser
feita na Comunidade-Igreja, como a Palavra foi escrita na comunidade. Sem isso,
corremos o risco de ensinar contra a verdade. A interpretação individual
provocou o surgimento de tantas seitas. Depois do Vaticano II cresceu muito o
apreço pela Palavra de Deus desde os estudos mais elevados até a catequese mais
simples. Não deixa de ser necessária uma leitura permanente e também o estudo
para uma boa interpretação. Ler Bíblia não é só abrir o livro. Temos as
celebrações nas quais lemos também os textos bíblicos, com a riqueza de ser
lido no meio do povo, onde ela foi escrita.
Palavra
de carne
Há muita gente que não pode ler ou
não sabe ler ou não quer ler. Mas há uma bíblia muito fácil de ser lida. É a
bíblia de carne e osso. Cada pessoa que vive o evangelho é uma proclamação da
Palavra de Deus, escrita em nossos corações e em nossa maneira de viver. Jesus
dizia: “Minhas palavras são Espírito e Vida” (Jo 6,63). Abertos ao Espírito, somos
transformados pela Palavra que toma rosto em nós. Assim passamos a ser um
evangelho vivo. Já se diz: “Quem sabe, sua vida seja o único evangelho que
muita gente possa ler”. A palavra assumida como vida se encarna em nossa vida e
se torna anúncio e evangelho vivo. Por isso não basta só a letra, é preciso a
vida. Amemos a Palavra de Deus!
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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