quinta-feira, 13 de julho de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Jesus, evangelho de vida”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
A vida é uma batalha
               Marcos, na composição de seu evangelho, colhe dos primeiros cristãos ou das pregações de Pedro os ensinamentos de Jesus. Marcos não quer fazer um relato de milagres, mas mostrar que o Reino de Deus implantou no mundo sua energia (Mc 1,15-16). Os milagres são expressão e anúncio. Não se trata de um novo médico, mas de um Salvador. Se não fosse assim haveria injustiça em Jesus que não curou a todos. A liturgia deste domingo proclama a grande fragilidade do povo, sujeito a tantos males e a força salvadora de Jesus. Na primeira leitura ouvimos o lamento dolorido de Jó. Mais que um personagem histórico, representa a humanidade que pergunta por que o justo sofre. O texto escolhido quer mostrar a que estado de sofrimento chega a pessoa humana. Jó, depois de tanto sofrimento, lamenta: “Não é uma luta a vida do homem sobre a terra? Seus dias não são como do mercenário?” (Jó 7,1); “A vida é um sopro (7). A partir do sofrimento de Jó entramos no texto do evangelho de Marcos. Num sábado, dia santificado, Jesus sai da sinagoga e vai à casa de Simão. Falam-lhe da sogra de Pedro que estava com febre. Pegou-a pela mão, ajudou-a a levantar-se. E a febre a deixou (Mc 1,30). Ao entardecer todo povo veio trazendo seus doentes e endemoniados (32). Ele os curou. Vemos aí a procissão de dores da humanidade. Na sociedade há uma grande chaga de dor, que de tantos modos, corrói o corpo e a mente das pessoas.
Ele sara os corações
               Diante de todos os sofrimentos, Jesus anuncia o Reino que cura os males na sua raiz, por isso diz o texto: “Tirou muitos demônios” (34). A cura dos males e a purificação dos doentes tem um sentido em vista do Reino. É o que lemos na cura da sogra de Pedro. Ela foi curada e pôs a serví-los. A cura não é para si, mas para o serviço do Reino, na pessoa dos discípulos. As forças do mal reconhecem o senhorio de Jesus. Nosso relacionamento com Jesus, em nossos sofrimentos, é uma busca de vida, de cura e superação de nossos males. Mas se ficarmos só nisso e não formos produtivos e serviçais pelo Reino, não seremos renovados. Usamos o Reino egoisticamente, o que não nos traz salvação. A atitude de Jesus ao curar as pessoas é integrá-las em sua obra redentora. Ele convida a ir a outras aldeias e aí anunciar. A pregação de milagres é um grande prejuízo para o conhecimento de Jesus. Ele não veio para isso, mas para mudar o homem por dentro.
Alegria de evangelizar
               Na carta de Paulo aos Coríntios podemos entender o que ocorre em quem teve sua fragilidade curada por Jesus: evangelizar para mim é uma necessidade. Sua pedagogia e prática é fazer-se escravo de todos, eu me fiz tudo (1Cor 9,22). Desde Pentecostes, até hoje, contemplamos o alegre vigor apostólico dos discípulos de Jesus, curados pela fé. Como o próprio Jesus, os discípulos encontram o vigor apostólico no diálogo íntimo com o Pai (Mc, 1,35). Percebemos nas comunidades muito vigor apostólico, mas não seguimos Jesus em sua busca do Pai. Esse diálogo era o alimento de seu apostolado. Precisamos fazer uma grande revisão de nossas Eucaristias que ficam na superfície e não nos penetra para curar do mal que nos isola do Reino.  Nem sempre são fontes de oração.

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