PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
“Dai-me a sabedoria”
Tesouro
escondido
Falar de tesouro escondido parece um
conto de fada. Hoje podemos dizer, trarar-se de um negócio muito bom. Em todo
caso fica de pé a proposta de Jesus como um tesouro, como uma grande
oportunidade. S. Mateus encerra o discurso das parábolas com as parábolas do
tesouro, da pedra preciosa e da rede. Podemos identificar esse tesouro também
com a sabedoria que Salomão pediu a Deus (1Rs 3,5.7-12). Depois de
descrever o Reino em suas diversas dimensões através de simples parábolas,
chama à decisão. Depois de descoberto, vale a pena dar tudo por ele, pois vale
mais que tudo que possamos ter. O mapa do tesouro é a Palavra de Deus, Sabedoria
que nos conduz. Jesus diz que o Reino é como uma rede que vai selecionar o que
presta e o que não presta. É um convite a selecionarmos em nossa vida o que
presta. Não damos murros no ar, como Paulo nos diz: “Quanto a mim, não é assim
que corro, não sem rumo; é assim que luto, não como quem dá murros no ar” (1Cor
9,26).
Quem descobre o valor do Reino não mede esforços e vida para possuí-lo. O
primeiro modelo é o próprio Jesus que tudo enfrentou para implantar o Reino de
Deus. Sabia de seu valor. Os apóstolos, mais claro ainda em Paulo, pela batalha
que travaram para anunciar Jesus que tinha encontrado. Foi como cair de um
cavalo e ficar cego pela luz. O Batismo o recuperou e imediatamente se pôs a
evangelizar. Quem não descobriu o Reino, não consegue organizar sua vida de fé.
É o que Jesus diz: é preciso deixar pai e mãe e tudo o que possui. Não se trata
de ódio, mas de dar ao Reino o primeiro lugar. No Reino tudo toma sentido.
Como vossa lei!
O coração que
escolheu o Reino de Deus se delicia. O salmo 118, em 176 versículos, descreve
essa certeza usando as palavras lei, testemunho, promessa, preceito,
mandamentos, decretos e palavra, para salientar a força da Sabedoria em nossa
vida. O salmo diz: “Como amo os mandamentos que me destes!”. Mandamentos não
são leis, e sim, expressão do amor de Deus que cuida de nós. Salomão recebeu, durante
o sonho, a visita de Deus oferecendo-lhe tudo que desejasse. O jovem rei,
sábio, pediu sabedoria, pois, com ela poderia dirigir seu povo. E Deus lhe dá
sabedoria e mais, tudo o que ela contém. A descoberta do Reino é uma questão de
amor. Quem ama, dá a vida pelo que ama. Quem se dedica à vida da Igreja, sem
ter escolhido o Reino, prejudica o povo de Deus. O povo sabe muito bem quem age
por fé ou que age por interesses outros. Deus é o tudo, para quem encontrou o
tesouro. Fé é o tesouro que não se mistura com o que não seja da vontade de
Deus. Venha vosso Reino e seja feita vossa vontade, que é viver o Reino.
Tudo concorre
para o bem
São Paulo, na carta aos Romanos, dá uma
resposta aos que se abrem ao Reino de Deus: “Sabemos que tudo contribui para o
bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28). O grande
prêmio que Deus oferece é a destinação que tem para aqueles que acolheram o
amor de Deus, isto é, “serem conformes à imagem de seu Filho” (id
29) para
chegarem à glorificação. Ser imagem do Filho supõe também passar pelo que Ele
passou, isto é, os sofrimentos da Paixão. Esse aspecto é esquecido em certas
pregações e orientações. Até se diz: “Você não recebeu o milagre, a graça,
porque não rezou bem”. Jesus também rezou e muito bem, pedindo para ser livre
da morte. E foi ouvido, como nos escreve a carta aos Hebreus 5,7. Deus entende o
que é melhor para nós. O Reino nos é dado como Deus quer.
Leituras: 1 Reis 3,5.7-12;Salmo
118; Romanos 8,28-30; Mateus 13,44-52
1.
Depois
de descobrir o Reino, tudo fazemos por ele.
2.
O
coração que escolheu o Reino se delicia
3.
“Sabemos que tudo contribui para o bem
daqueles que amam a Deus”
Nada de bijuteria
Lindíssima oração de Salomão que
quis acima de tudo a sabedoria. Com ela teve todos os outros bens. A sabedoria
é identificada com a Lei de Deus, como lemos no salmo.
Deus
contribui para nosso bem, pois O amamos.
No
evangelho Jesus nos ensina que o Reino é um tesouro escondido que devemos
procurar e que por ele podemos dar tudo que não saímos perdendo.
O
Reino é como uma pedra preciosa que encontramos e por ela vale dar tudo. A
fragilidade da vida cristã vem do fato de nós não termos coragem de investir a
vida. Não somos capazes de perder tudo para ter mais. Preferimos ficar com
nossos tarecos que acolher sua riqueza.
O
Reino faz sua seleção como os pescadores que jogam fora os peixes ruins e ficam
com os bons. Assim se faz o verdadeiro discernimento. Pelo bem, vale tudo.