Quando o dia amanhece, primeiro vem a beleza dos raios que o anunciam, com o sol em seu esplendor. O 4º domingo é um rasgo de alegria no meio da Quaresma, anunciando já a festa da Páscoa que se aproxima. A antífona convida à alegria: “Alegra-te Jerusalém! Reuni-vos vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria” (Is 66,10). Rezamos: “Concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam, cheio de júbilo e exultando de fé” (oração) Esta é a atitude normal de quem prepara de coração para a festa da Páscoa. Os textos deste domingo nos trazem a certeza que Deus nos precede com seu amor. O motivo da alegria é o grande amor de Deus que se manifestou em Cristo: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho Unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,10). A Páscoa de Jesus, mesmo tendo Ele passado pelas dores da paixão e da morte, é a ação do Deus que ama e quer a vida para todos. O amor de Deus não se impõe, mas propõe com a conseqüente salvação ao que acolhe e entra na dinâmica do amor. Paulo, na carta aos Efésios, reconhece o porquê deste amor gratuito de Deus: “Deus é rico em misericórdia. Por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa de nossas faltas, Ele nos deu a vida com Cristo” (Ef 2,4-5). O amor de Deus não é um sentimento de dó, mas uma atitude que brota da abundância de seu ser misericordioso, isto é, saber compreender a situação em que vivemos e como que sentisse Ele próprio o absurdo desta miséria. Por isso nos envia o Salvador, Jesus Cristo, que torna concreta esta misericórdia através de sua encarnação, vida e morte. Jesus sentia profunda dor ao ver os sofrimentos das pessoas. Por isso acolhia, curava, perdoava e dava a vida. Quem não crê condena a si mesmo porque não aceita a luz que mostra a maldade de suas obras. Maldade que recusa a misericórdia e se refugia nas trevas.
Alegra-te, Jerusalém
A
alegria deste domingo acontece pela riqueza da salvação existente em Cristo em
sua ressurreição. Isaias narra que o povo pecou gravemente e isso teve a
conseqüência grave do exílio na Babilônia que durou 70 anos. Visto como um
castigo por não terem ouvido os profetas e aumentado seus pecados. Se tivessem
ouvido, não entrariam em tantos males. O pecado desestrutura a vida, como lemos
na passagem da serpente de bronze. Contudo não é negada a salvação. Quem olha a
serpente de bronze, é curado. Quem olha para Jesus através da fé, também recebe
a vida, pois Deus não enviou ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que
o mundo seja salvo por Ele (Jo 3,17). Esta é a grande alegria que pode ter quem crê e quem
celebra a festa da Páscoa. É a alegria do povo que recebeu gratuitamente o
direito de voltar do Exílio. O Salmo reflete o coração dolorido do povo no
exílio (Sl 36).
Foi preciso sofrer para aprender. Mas Deus é bom.
As boas obras
Agradar
a Deus é ter o coração cheio da fé que acolhe a redenção de Jesus. Aproximar-se
da Luz é praticar o bem: “Quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para
que manifeste que suas ações são realizadas em Deus” (Jo 3.21). A vida de fé nos coloca em
união a Cristo e em sua ressurreição: “Deus nos ressuscitou com Cristo e nos
fez sentar nos céus, em virtude de nossa união com Jesus. Pela bondade que nos
demonstrou em Jesus, Deus quis mostrar, através dos séculos futuros a
incomparável riqueza de sua graça”... “Fomos criados em Cristo, em vista das
obras boas, que Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos” (Ef 3,6-). A liturgia
de hoje ensina acolher a salvação com alegria. É a mesma alegria de cada
celebração do Mistério Pascal de Cristo.
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