O algo mais que dá sentido à proposta de Jesus não foi
revogar a Lei, mas levá-la à plena realização. Com o passar do tempo, muitos
outros preceitos foram acrescentados à Lei de Moisés chegando a 248 mandamentos
e 365 proibições, totalizando 613 preceitos. Ele foi fiel à lei, não às
interpretações que tomaram o lugar do sentido profundo da Lei. O panorama
religioso de Israel, no tempo de Jesus, era o exteriorismo dos fariseus e o
ateísmo dos saduceus. Eles se punham como mestres e assim controlavam o povo.
Para Jesus, os mandamentos não são proibições, mas expressões do amor a Deus e
ao próximo. Os mandamentos têm uma compreensão progressiva num respeito sempre
maior à pessoa do irmão. Jesus exemplifica mostrando que a nova justiça
aprofunda o sentido dos mandamentos. No tocante ao quinto mandamento, não matarás, afirma não só o respeito à
vida física, mas o amor ao próximo, toda a palavra que fere e mata. Pelo
próximo, se deve até interromper o sacrifício iniciado para se reconciliar (Mt 5,23-24); ceder ao inimigo para evitar que aumente o espiral
da violência (25). O adultério não só de uma ação física, vai ao fundo
do coração. O adultério do coração está na relação direta com a fidelidade de
Deus que é fundamento do matrimônio. Quanto o juramento: Todo aquele que mente,
fere a verdade de Deus. Unidos pela fé em Jesus, a verdade é sempre a direção
da vida. Tudo que é mentira é do
maligno. A fidelidade à verdade não precisa de documentos. Basta o sim, sim; o não,
não. Há diferença entre a lei de Deus que deve ser cumprida até o fim e as
interpretações dos fariseus que se tornam leis. A Igreja corre o risco de dar
mais valor às interpretações do que à Lei Nova de Jesus que se funda na
misericórdia e na caridade. Não se devem impor sobre os fiéis fardos que, como
diz Jesus, não ajudamos a carregar (Mt 23,4).
Sabedoria de Deus.
“Falamos, sim, da misteriosa sabedoria de Deus....
Sabedoria escondida que desde a eternidade Deus A destinou para nossa glória” (1Cor 2,6-7). A revelação de Deus para nós não é comunicação de
verdades, mas participação de Sua sabedoria. Pela falta da sabedoria de Deus em
nós, não entendemos a novidade de Jesus e continuamos repetindo os mesmos erros
do passado. Jesus insiste nesta sabedoria: “Eu porém vos digo”. Jesus tem a
autoridade para levar a lei à perfeição, de purificá-la das leis humanas,
desalojar os donos deste poder espiritual e instaurar a sabedoria de Deus. A
nova lei é a sabedoria de Deus em nosso meio. Nossa sabedoria é viver o
mandamento no íntimo do coração onde habita Deus. A perfeição que Jesus
apresenta vai ao fundo do coração humano. Na Igreja há pessoas que se fazem donos e criam costumes
que obscurecem a sabedoria de Jesus
Surpresas
de Deus.
“A nós Deus revelou esse mistério através do Espírito.
Pois o Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus” (2Cor,2,10). Recebemos a sabedoria de Deus pelo Espírito que nos
foi dado. Os que vivem esta sabedoria podem perceber “o que Deus preparou para
os que O amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem
coração algum jamais pressentiu” (10).
Recebemos o convite de purificar nossa fé de tudo aquilo que fere a beleza do
mandamento e a nova Lei de Jesus. Por isso, em cada Eucaristia, ouvimos a
Palavra que nos instrui na sabedoria.
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