Evangelho segundo S. Marcos 8,27-33.
Naquele
tempo, Jesus partiu com os seus discípulos para as povoações de Cesareia de
Filipe. No caminho, fez-lhes esta pergunta: «Quem dizem os homens que Eu sou?». Eles responderam: «Uns dizem João Baptista; outros, Elias; e outros, um dos
profetas». Jesus então perguntou-lhes: «E vós, quem dizeis que Eu sou?».
Pedro tomou a palavra e respondeu: «Tu és o Messias». Ordenou-lhes então
severamente que não falassem d’Ele a ninguém. Depois, começou a ensinar-lhes
que o Filho do homem tinha de sofrer muito, de ser rejeitado pelos anciãos,
pelos sumos sacerdotes e pelos escribas; de ser morto e ressuscitar três dias
depois. E Jesus dizia-lhes claramente estas coisas. Então, Pedro tomou-O à
parte e começou a contestá-l’O. Mas Jesus, voltando-Se e olhando para os
discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: «Vai-te, Satanás, porque não compreendes
as coisas de Deus, mas só as dos homens».
Tradução litúrgica
da Bíblia
Comentário do dia:
São João da Cruz
(1542-1591),
carmelita descalço, doutor da Igreja
Cântico Espiritual
A profundidade da sabedoria e da ciência de
Deus é imensa, a tal ponto que a alma, ainda que numa certa medida lhe reconheça
as maravilhas, pode sempre penetrar ainda mais longe. Perante estas riquezas
incalculáveis, S. Paulo lançava este grito de admiração: «Oh profundidade dos
tesouros da sabedoria e da ciência de Deus! Como são incompreensíveis os seus
juízos e impenetráveis os seus caminhos!» (Rom 11,33).
A alma deseja
ardentemente mergulhar cada dia mais nestas divinas profundezas, neste abismo
imperscrutável dos juízos e dos caminhos de Deus; conhecê-los é um gozo
inestimável que ultrapassa qualquer sentimento. [...] Oh! se se compreendesse
como é impossível [...] possuir estes imensos tesouros sem passar pelo
sofrimento! Com que ardor a alma desejaria a graça de sofrer a cruz! Com que
consolação, com que alegria a acolheria para poder entrar nos segredos dessa
sabedoria divina! [...] Porque a porta que introduz nos tesouros da sabedoria é
tanto mais estreita (Mt 7,13) quanto não é outra senão a própria cruz. Um grande
número de almas, é certo, aspira a gozar das delícias que ela nos dá; mas bem
poucas há que desejem passar pela única porta que aí conduz.
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