A Vida Divina em
nós exige um permanente crescer em Cristo. A vida é sempre nova num
desenvolvimento integral, nas diversas áreas do ser humano e espiritual.
Religião é uma estrutura. Fé está sempre em movimento. Jesus é sempre o
exemplar. Quando Ele se extraviou na festa em Jerusalém, não está relatando um
acontecimento. É uma instrução sobre sua ligação com o Pai: “Não sabíeis que devo
estar na casa de meu Pai? (Lc
2,49). Por outro lado, o texto ensina sua profunda condição humana
ligada a uma família: “Meu filho, porque agistes assim conosco? Teu pai e eu,
aflitos, te procurávamos” (Lc
2,48). Jesus era de condição divina, mas humana que é seu ser. Por isso,
Lucas conclui a infância de Jesus com as palavras: “Desceu então com eles para
Nazaré, e era-lhes submisso... E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em
graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 1,51-52). “Cresce na consciência e no exercício da própria
missão. Sofre a prova e a fraqueza da condição humana, fora o pecado; aprende a
experiência do amar, obedecer e morrer” (Hb 4,15;5,8). Ele faz o caminho da vida e ao
mesmo tempo é o caminho para seus seguidores. Ele se chama de caminho: “Eu sou
o caminho” (Jo 14.6).
Sendo caminho, Ele é o modelo de se fazer o caminho, conduz no caminho e é a
força ao caminhante. Se até Jesus cresceu, porque nós temos dificuldades em
aceitar mudar, crescer, procurar novos caminhos espirituais. Não se pode parar nem
na glória eterna: “Todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho
a glória do Senhor, somos transformados de glória
em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2Cor 3,18). Nunca
estamos prontos. Parar é regredir. Se estamos bem, achamos que não temos o que
melhorar. Isso mostra nosso desconhecimento da fé.
844. Contínua revisão
Se no Céu nós
estaremos crescendo e em uma velocidade eterna, quanto mais devemos ter
esforço, quando ainda somos frágeis e ainda pequenos. O crescimento faz parte
da grandeza do cristão. Maria também cresceu no conhecimento de seu Filho e em
seu amor. Também ela experimentou as noites da fé, como vemos em Jesus. O dom
do discernimento dado pelo Espírito toca nossa capacidade de autocrítica e de
saber discernir sobre nossa própria vida espiritual. O primeiro passo é sempre
ter consciência de que não estamos completos nem somos perfeitos. Não podemos
ter a atitude doentia do escrúpulo ou da insegurança sobre nós mesmos.
Discernindo o que somos sob a luz do Espírito e da Palavra de Deus, podemos ter
uma segurança humana, não absoluta onde estamos. Um segundo passo é tender a
maior perfeição, sem ficar nos martirizando, mas procurando com serenidade o
melhor. Outro passo é não ter medo da fragilidade. Saber-se fraco é crescer.
845. Configurando-se a Jesus
Nossa
preocupação deve ser configurar-nos a Cristo. O Pai nos quer sempre mais
semelhantes e parecidos com seu Filho: “Porque os que dantes conheceu, também
os predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho...” (Rm 8,29). Nós
conhecemos a pessoa de Jesus nos evangelhos e não em revelações, em livros de
piedade, e mesmo em certas colocações de pregadores. Se estiverem de acordo com
a Palavra, são muito bons. Às vezes usamos o Evangelho para provar nossas
idéias e interpretamos a partir de nosso modo de ver. Assim fazemos um Jesus a
nossa imagem e não nós a sua imagem. Há muito de política em nosso modo de
interpretar o Evangelho. Puxamos a sardinha para nossa brasa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário