Jesus
proclamava as maravilhas de Deus através de palavras e gestos que anunciavam a novidade
que veio nos oferecer. O ensinamento teológico dos fariseus relacionava a
justiça de Deus com a observância dos preceitos. O perdão dos pecados e a
salvação estariam condicionados pela observância legalista. O fariseu Simão convidara Jesus para uma ceia.
O fariseu se tinha por justo. Na cultura oriental, tomar refeição juntos, era
sinal de profunda comunhão. Jesus, que não fazia acepção de pessoas, aceitara o
convite de Simão. No correr da refeição entrou uma mulher que era tida como
pecadora. Ela faz um ritual amoroso a Jesus levando seus pés com lágrimas,
enxugando com os cabelos e ungindo com um perfume precioso. Uma cena forte pois
as mulheres nem participavam destes momentos. Jesus aceitou fazendo comunhão
com ela. O fariseu estranhou o fato e criticou no seu interior. Jesus então,
ensinou que o perdão vêm do amor manifestado pelo pecador e por Deus que
manifesta o amor no acolhimento, sem distinção de pessoas. Deus age pelo
acolhimento, não pela condenação. Perdão é a justiça de Deus. Justiça é
santidade, participação de sua santidade. Deus quer comunhão com nossa
fraqueza, mesmo com aquele que parece não merecer. A comunhão com Deus está no
amor. A cena quer mostrar a novidade de Jesus diante da lei dos fariseus. Jesus
não se sente sujo por deixar-se tocar pela pecadora. Outras mulheres seguiam
Jesus. A mulher que no judaísmo e mais no Império Romano era considerada inferior.
Um mestre não saia pela rua nem com sua esposa. Não era de bom tom. Davi, o
escolhido de Deus comete um pecado que leva a cometer outro. O mal vai produzindo
outros males. Nossos pecados não sujam Deus. Jesus não quer o pecado e não a morte
do pecador (Ez 18,23).
Justificados pela fé
Paulo, neste contexto, afirma que
“ninguém é justificado por observar a lei de Moisés, mas por crer em Jesus
Cristo” (Gl 2,16).
Crer não é só afirmar a fé, mas viver para Deus no amor que Jesus manifesta.
Crer é participar da vida de Cristo. “Com Cristo, afirma Paulo, fui pregado na
cruz. Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim, minha vida presente na
carne, eu a vivo na fé crendo em Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,19-20). O
perdão é sempre a renovada oportunidade que Deus nos dá de vivermos melhor a
fé. Viver significa praticar o amor, como escreve João: “Sabemos que passamos
da morte para a vida porque amamos os irmãos... não amemos de palavras nem de
língua, mas por ações e em verdade” (1Jo 3,14.18).
Confessei
meu pecado
A
Palavra de Deus é um estímulo ao reconhecimento concreto dos pecados, como fez
Davi e como manifestou a pecadora, mesmo sem palavras. O pecador, reconhece a
fragilidade por isso é perdoado. Temos o sacramento do perdão, a confissão, mas
são tantos os modos de buscar e encontrar o perdão. A própria liturgia
eucarística é um momento de receber a remissão. Não dispensa a confissão. Contudo
não pode ficar só nela. Na oração da missa rezamos: “Como nada podemos em nossa
fraqueza, dai-nos o socorro de vossa graça”. Não conhecer nem reconhecer a
própria fragilidade se torna um risco, pois, podemos como Davi, cair na cascata
do pecado que atrai pecado.
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