Evangelho segundo S. Lucas 20,27-40.
Naquele
tempo, aproximaram-se de Jesus alguns saduceus – que negam a ressurreição –
e fizeram-lhe a seguinte pergunta: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se
morrer a alguém um irmão, que deixe mulher, mas sem filhos, esse homem deve
casar com a viúva, para dar descendência a seu irmão’. Ora havia sete
irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos. O segundo e depois o
terceiro desposaram a viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram e não
deixaram filhos. Por fim, morreu também a mulher. De qual destes será
ela esposa na ressurreição, uma vez que os sete a tiveram por mulher?». Disse-lhes Jesus: «Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento. Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição
dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já não podem
morrer, pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos
de Deus. E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no
episódio da sarça ardente, quando chama ao Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de
Isaac e o Deus de Jacob’. Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para
Ele todos estão vivos». Então alguns escribas tomaram a palavra e disseram:
«Falaste bem, Mestre». E ninguém mais se atrevia a fazer-Lhe qualquer
pergunta.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São João Paulo II (1920-2005), papa
Audiência geral de 01/02/1982
«Porque nasceram da ressurreição, são filhos de
Deus.»
Enquanto sacramento nascido do mistério da
redenção e, em certo sentido, renascido do amor nupcial de Cristo e da Igreja
(cf Ef 5,22-23), o matrimónio é uma expressão eficaz do poder salvífico de Deus,
que realiza o seu eterno desígnio mesmo após o pecado e apesar da concupiscência
oculta no coração de cada ser humano, homem e mulher. [...] Como sacramento da
Igreja, o matrimónio é indissolúvel por natureza. Como sacramento da Igreja, é
também palavra do Espírito, que exorta o homem e a mulher a modelarem toda a sua
vida em comum aurindo a sua força do mistério da «redenção do corpo». [...] A
redenção do corpo significa [...] esta esperança que, na dimensão do matrimónio,
pode ser definida como esperança do quotidiano, esperança do temporal [...].
A dignidade dos esposos [...] exprime-se na profunda consciência da
santidade da vida à qual ambos dão origem, participando - como fundadores duma
família - nas forças do mistério da criação. À luz desta esperança, que está
ligada ao mistério da redenção do corpo, esta vida humana nova, o filho
concebido e nascido da união conjugal de seu pai e de sua mãe, abre-se às
«primícias do Espírito» «para participar da liberdade e da glória dos filhos de
Deus». E se toda a criação, até ao dia de hoje, geme com as dores do parto, uma
esperança particular acompanha a mulher nas dores do parto: a esperança da
«revelação dos filhos de Deus» (Rom 8,19-23), esperança da qual todo o
recém-nascido, ao vir ao mundo, transporta em si mesmo uma centelha. [...] É a
isso que se referem as palavras de Cristo, quando fala da ressurreição dos
corpos [...]: «porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus».
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