Evangelho segundo S. Lucas 11,1-4.
Naquele
tempo, estava Jesus em oração em certo lugar. Ao terminar, disse-Lhe um dos
discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar, como João Baptista ensinou também os
seus discípulos». Disse-lhes Jesus: «Quando orardes, dizei: ‘Pai,
santificado seja o vosso nome; venha o vosso reino; dai-nos em cada dia o
pão da nossa subsistência; perdoai-nos os nossos pecados, porque também nós
perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixeis cair em tentação’».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de
Hipona (norte de África), doutor da Igreja - Sermão 80
«Ensina-nos a orar»
Acreditais, irmãos, que Deus ignora o que
vos é necessário? Aquele que conhece a nossa aflição conhece antecipadamente os
nossos desejos. Por isso, quando ensinava o Pai Nosso, o Senhor recomendou aos
discípulos que fossem sóbrios nas palavras: «Nas vossas orações, não sejais como
os gentios, que usam de vãs repetições, porque pensam que, por muito falarem,
serão atendidos. Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que
necessitais antes de vós Lho pedirdes» (Mt 6,7-8). Se o vosso Pai sabe o que vos
é preciso, para quê dizê-lo, mesmo por poucas palavras? [...] Se o sabes,
Senhor, será mesmo necessário pedir-To em oração?
Ora, quem nos diz:
«Não useis de vãs repetições» declara-nos noutro passo: «Pedi e recebereis»; e,
para que não pensemos que o diz com leveza, acrescenta: «Procurai e
encontrareis»; e, para que não pensemos que se trata de uma simples maneira de
falar, vede como termina: «Batei, e hão-de abrir-vos» (Mt 7,7). Ele quer
portanto que, para que possas receber, comeces por pedir, para que possas
encontrar, te ponhas a procurar, para que possas entrar, não deixes, enfim, de
bater à porta. [...] Porquê pedir em oração? Porquê procurar? Porquê bater?
Porquê cansarmo-nos a pedir, a procurar, a bater, como se estivéssemos a
instruir Aquele que tudo sabe já? E lemos inclusive, noutra passagem:
«Disse-lhes uma parábola sobre a obrigação de orar sempre, sem desfalecer» (Lc
18,2). [...] Pois bem, para esclareceres este mistério, pede em oração, procura
e bate à porta! Se Ele cobre com véus este mistério, é porque quer animar-te e
levar-te a que procures e encontres tu próprio a explicação. Todos nós, todos,
devemos animar-nos a orar.
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