PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Remédio
para nossos males.
Iniciamos a Quaresma! A Campanha da Fraternidade
proclama: dar lugar para Deus em nossa vida. Esse tempo quaresmal é um
sacramento (oração da missa, no texto em latim), quer dizer, tempo no qual a
graça de Deus realiza em nós o que celebramos. Isso acontece porque celebramos
nela o Mistério Pascal de Cristo que culmina em sua Paixão e Ressurreição. O
primeiro ato litúrgico é a imposição das cinzas. Esta cerimônia provém da
penitência que era imposta aos pecadores públicos que iriam receber o perdão na
Quinta-Feira Santa. Com o tempo a cerimônia passou a todos os fiéis. As cinzas
que recebemos não tiram o pecado nem aliviam nossas dores. O importante é
compromisso que fazemos de voltar o coração para Deus através da conversão e da
penitência. O evangelho apresenta três momentos da “penitência quaresmal” que
podem fazer bem para nós: Esmola, oração e jejum. Jesus dá uma dimensão nova a
estes três passos de nossa conversão que resumem todos os outros: Devem acontecer
na sinceridade do coração e feitos sem se vangloriar. A esmola estimula a
fraternidade no uso dos bens materiais. Sem caridade, não vivemos a Quaresma. A
oração é o caminho da fraternidade espiritual. Estamos em relacionamento com
Deus e unidos às pessoas. É tempo de silenciar o coração, puxar os freios das
atividades e distrações para podermos entender a Palavra que nos é dirigida. Com
ela construímos o espaço de Deus em nós. Jejum é a fraternidade com o universo.
Na alegria do despojamento, nós valorizamos todos os seres humanos e materiais,
dando-lhes o valor que possuem de dar vida. Com estes três passos vencemos as tentações
como Jesus venceu. A Quaresma, longe de ser um tempo de penitência triste, é o
alegre caminho para a Páscoa.
Não
receber em vão
O tempo quaresmal entra com toda força e nos anima a ter uma grande
vontade de chegar à Páscoa. Rezamos na bênção das cinzas: “Derramai a graça da
vossa bênção sobre os fiéis que vão receber estas cinzas, para que,
prosseguindo na observância da Quaresma, possam celebrar de coração purificado
o mistério pascal do vosso Filho”. Paulo nos estimula a não receber em vão a
graça de Deus: “‘No momento favorável, eu te ouvi, e no dia da salvação, eu te
socorri’. É agora o tempo favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6,1). Esse tempo litúrgico é rico e
favorável para um exame de nossa vida em conversão. Não podemos passar ao largo
diante de tanta oferta de graça que esse tempo oferece. A graça maior é da
conversão. Posso não ter pecados, mas tenho um longo caminho a fazer para
corresponder ao imenso dom da Redenção que recebemos.
Misericórdia
porque pecamos
O
tempo da quaresma é um momento para refletir também em nossa condição de
pecadores. A condição frágil e perigosa em que vivemos, deixa-nos numa situação
de risco. Por isso, somos convidados pela Igreja examinar nossa consciência e
pedir perdão, pois a misericórdia de Deus é infinita. Deus quer nossa
reconciliação: “Deixai-vos reconciliar com Deus” (2Cor
5.20) clama Paulo.
Rezamos no refrão ao salmo 50: “Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos!”.
“Quem sabe se Ele volte para vós e vos perdoe” diz profeta Joel” (Jl e,14). A
Quaresma tem, na liturgia, seu principal meio de evangelização. Participemos!
Mesmo que não possamos ir à missa todos os dias, podemos seguir as leituras.
Elas nos orientarão nesse caminho.
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