Na
caminhada da vida encontramos alguns momentos em que nos voltamos para nós
mesmos e cuidamos do aspecto físico, espiritual e social. Às vezes estamos sem
forças para viver uma destas dimensões. Aonde vamos nos recuperar? Para o
físico vamos a uma Academia, nos sujeitamos a regimes assassinos (para nossos
prazeres), ou vamos a um psicólogo para um confronto acompanhado. E para a vida
espiritual? Muitos são as modalidades de nos recuperarmos espiritualmente. Temos
o que se chama “penitência”. Não apreciamos muito esta virtude porque é mal
afamada. Por exemplo: se pensarmos fazer um jejum para fins espirituais,
achamos um absurdo. Se for para emagrecer, pago caro para um regime acompanhado
de um médico. Mas a virtude da penitência faz parte da vida e envolve tudo o
que nos faz mais humanos e mais espirituais. Na tradição antiga (eu ainda
alcancei algumas coisas) havia práticas penitenciais até violentas. Era uma
cultura que vinha desde os monges do deserto e influiu muito. Acabou tudo?
Houve mudanças. Temos novas modalidades. Fazer penitência é voltarmo-nos para
nós mesmos e repensarmos nossa vida a partir do Evangelho no seguimento de
Jesus. É preciso o controle sobre si e o treinamento para resistir ao mal e aos
males que nos cercam. Penitência é estar firmes no caminho não aceitando nossa
imperfeição, procurando não nos instalarmos em uma situação que nos faça menos
pessoa a nível humano e espiritual. Penitência é o esforço para vencer os
males, adquirindo para isso práticas que nos fortaleçam. Penso que é estúpido
fazer penitências fortes sem uma ressonância interior. Antes se falava de domar
com força o burrico que somos nós. Quem sabe pudéssemos dizer: educar para a
vida. Trata-se de colocar limites a nós mesmos e dizer não ao que nos é
prejudicial. Esse treinamento é importante e nos faz fortes. Por exemplo: Se eu
tiver a tendência à ira, vou educar-me à paciência. Se exagerar na comida, vou
colocar limites etc...
600. Revendo
nossos passos
A
penitência tem diversos nomes: conversão contínua, constante disponibilidade
para a conversão, mortificação, colocar limites, fazer escolhas que nos eduquem
etc... Na base está a luta contra o egoísmo. A penitência coíbe o egoísmo. Para
identificar o que ocorre conosco e a encontrar o remédio adequado, precisamos
conhecer a nós mesmos. Sabemos quem somos? Conhecemos nossas tendências? Ou
deixamos estrada livre a nossas tendências? Na realidade, a penitência vai se
chocar com o conceito egoísta que temos: “O que eu quero é que é o certo. Quem
quiser dominar o mundo deve primeiro dominar a si mesmo. A penitência será o
instrumento desse domínio sobre si. Sem esse domínio é impossível construir uma
personalidade completa. A espiritualidade edifica esta personalidade.
601. Saber
o caminho a seguir.
O processo de
crescimento, interiorizaçao e amadurecimento produzem os frutos de justiça,
firmeza, paz, amor e bondade. Virtude da penitência é dinâmica. Não se trata de
massacrar o burro, mas é dar um sim à vocação de seguir a Cristo. Conversão nos
dá uma meta fixa. Caminhando para ela vamos desmascarando nossos males e
lutando com decisão. A penitência vai
ser real quando temos uma meta a atingir. Ela sustenta o esforço por manter-se
firme no caminho. Toda penitência e conversão deverão ser sempre iluminadas
pelo Espírito de Cristo que nos comunica a força do Evangelho. As qualidades
humanas se enriquecem com os dons divinos. Sejamos fortes na luta e serenos na vitória.
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