Evangelho segundo S. João 15,12-17.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «É este o meu mandamento: que vos ameis
uns aos outros, como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que
dá a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos
mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu
senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu
Pai. Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e destinei,
para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. E assim, tudo quanto
pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá. O que vos mando é que vos
ameis uns aos outros».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São João Paulo II (1920-2005), papa
Carta apostólica para o 6.º
centenário da morte de Santa Catarina de Sena
Santa Catarina de Sena: uma vida mística e uma vida de
acção
Quando, em 1347, Catarina vê a luz do dia,
vive-se uma situação muito difícil em Itália e na Europa: anunciava-se a peste
negra, que haveria de semear a devastação; a sociedade estava perturbada pela
Guerra dos Cem Anos e pelas invasões de mercenários; os papas tinham tido de
trocar Roma por Avinhão e o cisma do Ocidente prolongar-se-ia até 1417. Filha de
um tintureiro, Catarina toma rapidamente consciência das necessidades do mundo
que a rodeia. Atraída pela forma de vida apostólica das Dominicanas, pede para
ser agregada à ordem terceira (as chamadas «mantellate»), que não eram
propriamente religiosas nem viviam em comunidade, mas usavam o hábito branco e o
manto preto dos frades pregadores. [...]
Catarina estava rodeada de uma
multidão heterogénea de discípulos de todo o tipo e com múltiplas origens, que
se sentiam atraídos pela pureza da sua fé e pela liberdade da sua aceitação da
palavra de Deus, desprovida de matizes e cedências. [...] Atingiu o auge do seu
progresso interior nas núpcias espirituais [...], pelo que seria de esperar que
a sua vida passasse a decorrer na solidão da contemplação. Mas Deus tinha-a
atraído a Si para que ela estivesse unida a Ele na obra no seu Reino. [...] Era
desígnio de Cristo uni-la estreitamente a Si pelo amor ao próximo, isto é, quer
pela doçura dos laços da alma, quer pelos trabalhos exteriores, naquilo a que se
chama uma mística social. [...]
Depois de se ter dedicado à conversão
dos pecadores individuais, passou à reconciliação de pessoas e famílias
atingidas por conflitos, e depois à pacificação de cidades e de Estados. [...] O
impulso interior do Mestre divino abriu-lhe, por assim dizer, uma nova
humanidade. Foi assim que esta humilde filha de um artesão, iletrada,
praticamente sem estudos nem cultura, teve a inteligência das necessidades do
seu tempo, a ponto de ultrapassar os limites da sua cidade e de alcançar, com a
sua actividade, uma dimensão mundial.
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