“O
próprio Jesus é o modelo desta opção evangelizadora que nos leva ao coração do
povo” (Alegria do
Evangelho 269). Na evolução dos tempos procuramos sempre novas formas de
evangelização. Dificilmente se ouve dizer ao se fazerem os planos pastorais: “Vamos
ver como Jesus fazia”. Estamos sempre preocupados com a comunicação de
conceitos. Jesus procurava primeiro o relacionamento. É certo que o ensinamento
é necessário. Contudo, o Evangelho deve ser primeiramente anunciado ao coração.
Vemos que o relacionamento de Jesus com as pessoas que vinham a seu encontro era
individualizado com olhar nos olhos, como lemos no encontro com aquele moço que
lhe perguntou o que devia fazer para ter a vida eterna: “Jesus, fitando nele o
olhar, sentiu afeição por ele” (Mc 021). Está sempre disponível ao encontro. Está próximo
quando come e bebe com os pecadores (Mc 2,16). Ele se deixa tocar publicamente por uma prostituta
que unge com óleo perfumado seus pés, enxuga com os cabelos e os beija.
Evangelização para Jesus é um ato de amor. Ele não comunica só palavras, mas
comunica a Si mesmo, tocando, deixando ser tocado, agarrado pelas multidões.
Abraça as crianças, toca os doentes mesmo leprosos, está ao alcance das
pessoas. Podemos ver como estamos distantes das pessoas. Elas são sempre um
incômodo para nós. Quando os outros são incômodo para nós, devemos examinar se
o incômodo não somos nós. Essas atitudes na evangelização que partem do afeto não
são uma técnica, mas nascem do coração que já se sentiu tocado por Jesus. Esse
modo de agir pastoralmente “não é por obrigação, nem um peso que nos desgasta,
mas uma opção que nos enche de alegria e nos dá uma identidade” (EG 269).
1649.
Tocando as feridas
Papa
Francisco continua alargando o relacionamento evangelizador: “Às vezes sentimos
a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do
Senhor” (EG 270).
Sinto que há muita proposta e admiração, mas pouca resposta às palavras de
Jesus. “Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne
sofredora do povo” (Id).
O Papa insiste que Jesus espera que toquemos a carne sofredora dos outros e não
nos escondamos, pois a experiência de ser povo e pertencer ao povo é
maravilhosa. Nosso relacionamento com o mundo deve ser cheio de bondade,
mansidão, sem cansarmos de fazer o bem. Estes são conselhos dos apóstolos.
“Assim experimentamos a alegria missionária de partilhar a vida com o povo fiel
de Deus, procurando acender o fogo no coração do mundo” (EG 271). O amor às pessoas favorece
nosso encontro com Deus. Conhecemos melhor a Deus no contato com as pessoas (EG 273). Amar a Deus
e ao próximo são um único mandamento.
1650.
Missão que é vida
“Só pode ser missionário quem se
sente bem procurando o bem do próximo, buscando a felicidade dos outros” (EG 273). Aqui fazemos
a diferença entre vocação e profissão, em qualquer circunstância. A missão vai
além de pregações. Temos que reconhecer que cada pessoa é digna de nossa
dedicação... por que ela é obra de Deus. Ele a criou à sua imagem, e reflete
algo de sua glória. Jesus deu a vida por todos. Cada um é imensamente sagrado e
merece o nosso afeto e nossa dedicação (EG 274). Nossa vida se plenifica quando somos capazes de ver
plenitude de vida nos frágeis do mundo. Do outro modo somos vazios de vida. A
missão assumida como vida nos dá vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário