segunda-feira, 2 de novembro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Evangelizadores com espírito”


PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR

1639. Na força do Espírito
Caminhamos para o final da leitura da Exortação Apostólica do Papa Francisco, Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho). Versa sobre a evangelização. Com ela quis nos animar e formar para sermos evangelizadores. Fez um convite para participarmos da alegre missão da Igreja de anunciar o que crê porque sabe que é bom para o mundo. Fez-nos ver os grandes desafios na evangelização e as tentações que sofremos. Prepara-nos para anunciar. O anúncio tem uma ressonância comunitária, sobretudo em vista dos pobres para a construção da paz. No capítulo quinto apresenta-nos o Espírito que nos conduz na evangelização. Diz: “Evangelizadores com espírito quer dizer evangelizadores que se abrem sem medo à ação do Espírito Santo” (EG 259). O Espírito continua fortalecendo os fiéis para anunciarem com força a novidade do evangelho, como transformou os apóstolos no dia de Pentecostes. “Jesus quer evangelizadores que anunciem a Boa Nova, não só com palavras, mas, sobretudo com uma vida transfigurada pela presença de Deus” (EG 259). Dizer que uma realidade tem “espírito”, como Papa Francisco deseja para a evangelização, quer significar “a moção interior que impele, motiva, encoraja e dá sentido à ação pessoal e comunitária”. Não é uma tarefa que significa um peso. E usa termos ricos que brotam de seu coração vibrante: “Gostaria de encontrar palavras para encorajar uma ação evangelizadora mais ardorosa, alegre, generosa, ousada, cheia de amor até ao fim e feita de vida contagiante. Mas sei que nenhuma motivação será suficiente se não arde no coração o fogo do Espírito Santo” (EG 261). Que o Espírito possa renovar, sacudir, impelir a Igreja numa atitude de saída de si para evangelizar todos os povos. É para isso que reza.
1640. Renovado impulso missionário
            “Evangelizadores com espírito quer dizer evangelizadores que rezam e trabalham”. Dois extremos devem ser evitados: “Propostas místicas desprovidas de um vigoroso compromisso social e missionário como também discursos e ações sociais e pastorais sem uma espiritualidade que transforme o coração”. Propostas parciais não atingem o povo e mutilam o Evangelho. O espírito missionário só se renovará com uma coerente e profunda vida de oração, meditação da palavra, grupos de oração etc... contudo não se pode viver só de “espiritualidade intimista” sem encarnação na realidade e longe da caridade. Todos os santos foram homens e mulheres de oração e de muita dedicação aos pobres, sofredores e deserdados da vida. Por isso a comunidade deve examinar sempre se seu marasmo missionário não é fruto da ausência de Deus em sua vida e também o descuido da caridade. Afirma que não vale a desculpa do tempo e das dificuldades. Tempo existe para quem ama.
1641. Encontro com o amor que salva
            “A primeira motivação para evangelizar é o amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por ele que nos impele a amá-lo” (EG 264). Há uma mística que diz: “Quem descobriu o Amado, tudo faz para que Ele seja conhecido”. Mesmo com extremas dificuldades O anuncia e O faz conhecido. É o que diz João Evangelista: “O que vimos e ouvimos, isso anunciamos (1Jo 1,3). Papa Francisco diz isso a partir de sua experiência pessoal: “A melhor motivação para se decidir a comunicar o Evangelho é contemplá-lo com amor, é deter-se nas suas páginas e lê-lo com o coração” (EG 264). É preciso recuperar o espírito contemplativo. Crer no Evangelho e amá-lo nos humaniza e ajuda a levar uma vida nova para  aos outros. Assim seremos evangelizadores com espírito.

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