quinta-feira, 20 de agosto de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Jesus foi levado ao Céu” (At 1,9)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Celebrando uma presença
            Celebrando a Ascensão de Jesus ao Céu, estamos diante de um dos momentos centrais de sua vida. É o Mistério Pascal de Cristo que completa sua passagem ao Pai. A Ascensão não é reconhecida em sua importância na vida da Igreja. A Ascensão é necessária para entender a ação de Deus no mundo. Esse mistério ficou reduzido a uma  rápida lembrança. Pensa-se que se fechou um tempo e começou outro ou que a vida terrena de Cristo acabou e agora é o tempo do Espírito e da Igreja. Não podemos separar as ações de Deus como lotes da Santíssima Trindade para cada Pessoa Divina. Jesus dissera: “Se eu não for, não virá a vós o Espírito Santo” (Jo 16,7). A subida de Jesus ao Céu não O afasta de nosso tempo e história. Esses tempos novos não se sucedem como calendário, mas são tempos de Deus, nos quais é sempre infundido o Espírito prolongando a energia divina e humana da qual participamos, e que se faz liturgia. Liturgia não é só celebração, mas é a vida divina que irrompe no Espírito que nos é dado. “Do coração de Cristo aberto pela lança saiu sangue e água. É o rio da vida que chega através da liturgia, fecundando os últimos tempos. Penetra as profundezas do homem e da história” (J.Corbon). Estamos unidos a Ele. Esse movimento de Deus que nos abraça em Cristo glorioso, é o dom do Espírito. Ele vem para que a vida se faça abundante. A liturgia não são atos rituais, mas Vida que explode “onde dois ou três estão reunidos em meu nome”, diz Jesus. A celebração é um desses momentos em que o “Rio da Vida volta a sua fonte, o coração do Pai, depois de ter cumprido sua missão. A liturgia celebra o regresso do Filho à casa do Pai. Celebra também a vida de todos que vão com Ele. Somos arrastados à consumação. A História prossegue para sua libertação final” (idem).
Sereis minhas testemunhas
            Os discípulos entenderam bem as palavras de Jesus “é de vosso interesse que eu parta” (Jo 16,70), tanto que a partida de Jesus não lhes causa tristeza, “pois voltaram para Jerusalém com grande alegria” (Lc 24,53). Eles haviam perguntado durante uma ceia: “É agora que vais restaurar o Reino de Israel?” (At 1,6). O Reino será, como escreve Lucas, “o poder do Espírito que descerá sobre vós para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e na Samaria, e até os confins da terra” (8). Esse Reino significa a condição da salvação total de Deus para todo o povo, mas trazida pelo rei-Salvador de todos, quer dizer, Salvação de Deus pra todos. Os discípulos não devem sabe nem o como nem o quando de Deus (7), mas devem aceitar o Espírito que vem como Poder irresistível (8). Assim serão testemunhas, quer dizer, farão Cristo presente no mundo através da Palavra e da vida. Pedro dissera: “Assíduos à oração e ao ministério da Palavra” (At 6,4). A vida dos discípulos é caminho de Cristo ao Pai.
Esperança que seu chamado dos dá
            “A fé é o modo de já possuir o que se espera, um meio de conhecer realidades que não se vêem” (Hb 11,1). A esperança é a certeza da fé. Paulo escreve: “Que Deus abra o vosso coração a sua luz, para que saibais qual a esperança que seu chamamento vos dá” (Ef 1,18). Esse chamamento e acolhimento no Corpo nos dão a certeza da verdade da presença de Jesus junto do Pai e de nossa presença com Ele. A vida cristã não é um fazer coisas, mas ser em Cristo a nova criatura. Vivemos uma vida de acordo com o chamado. Vivemos em Cristo para nEle realizar nosso caminho.

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