PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Tempo
do Espírito
Na
espiritualidade pascal procuramos colocar a Ressurreição em nossa vida. Como
acontece isso? Pelo dom do Espírito que Jesus, durante a ceia, prometeu enviar.
Jesus ensina: “O Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, Ele
vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que vos tenho dito” (Jo 14,26). Esse
Defensor estará a nosso lado no combate contra o Maligno como Mestre em todas
as coisas. A ação do Espírito é fazer memorial de tudo o que o Senhor falou. Percebe-se
que, mesmo depois da Ressurreição, os discípulos não entendem tantas coisas. O
Espírito estará presente quando se ouve a Palavra; “Se alguém me ama, guardará
minha Palavra” (Jo 14,23). Essa Palavra passa a ser Vida, pois aquele que crê,
tem a Vida eterna (Jo 6,47). “Ele recordará tudo o que tenho dito” diz Jesus (Jo
14,26). Não somente lembrará as Palavras, mas fará com que elas se transformem
em vida de salvação. “Essas Palavras que digo são Espírito e Vida” (Jo 6,63). A
vida de Jesus se manifestou em palavras e gestos. O Espírito torna presentes
também esses gestos da vida de Jesus em nossa vida. “Quem crê em mim, fará as
obras que faço e fará até maiores que elas, porque vou para o Pai” (Jo 14,12).
Esses sinais – milagres - são testemunhos da presença do Espírito. O grande milagre será a celebração do
mistério da salvação, pela ação do Espírito. Notamos assim que não há vida
cristã sem o Espírito.
Templo
do Espírito
“Quem crê em mim, de seu seio
jorrarão fios de água viva. Ele falava do Espírito Santo que receberiam os que
nEle cressem” (Jo 7,38-39). Sua missão primeira é fazer habitar em nós a
Trindade Divina. Jesus diz: “Quem me ama, guardará a minha palavra e o meu Pai
o amará e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada” (Jo 14,23). O Espírito
habita em nós. Essa
habitação da vida divina é o maior fruto da Ressurreição. Jesus não é mais um
passante pela nossa vida. É um habitante de nosso ser. Por crer e acolher a
Palavra temos a vida eterna. Por crer na Ressurreição temos a presença do
Espírito, pois Jesus o soprou sobre nós (Jo 20,22), como Deus na criação do
primeiro homem. Assim somos a nova criatura: “Se alguém está em Cristo é uma
nova criatura” (2Cor 5,17). Somos templos do Espírito (1Cor 6,19). No nível da
espiritualidade, ouvimos que somos templos do Espírito Santo, mas, infelizmente
a catequese não penetrou. Falta-nos a consciência da habitação de Deus em nós. Essa consciência é
o fundamento da vida moral, social e espiritual... Respeitaríamos as pessoas se
reconhecêssemos nelas a Presença Divina.
Nós e
o Espírito decidimos
A
presença do Espírito Santo é marcante no começo da Igreja pela certeza que os
discípulos têm de caminhar com o Espírito Santo. No momento difícil em que a
Igreja se abre ao mundo pagão, surgiu uma crise: os judeus convertidos ao
cristianismo queriam que os pagãos convertidos seguissem os ritos judaicos.
Paulo e outros se recusavam. Aconteceu o que chamamos Concílio de Jerusalém. Os
apóstolos e os anciãos tomam decisão de fazer um cristianismo de um modelo para
os judeus que seguiriam a lei, e os pagãos que fariam outro caminho, crendo
também em Jesus. A
decisão foi marcada por uma grande abertura, e os apóstolos dizem claro: “O
Espírito Santo e nós decidimos” (At 15,28). Será que não falta para a Igreja
atual a fé no Espírito, por isso precisa de tanta lei e tanto controle. Falta à
Igreja a ousadia do Espírito da liberdade. As novas igrejas sofrem por
dominações dos que se julgam donos do Espírito ou O substituem. Unidade está na
fé, não nas formas.
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