PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Minhas
ovelhas escutam minha voz
Jesus afirma: Eu sou o bom Pastor. A
afirmação EU SOU é o nome que Deus dá a Si mesmo quando fala com Moisés no alto
do monte Horeb. A manifestação de Deus tinha como objetivo a salvação do povo.
Jesus, ao afirmar EU SOU o bom Pastor,
retoma esse pensamento amoroso de Deus que quer salvar, sobretudo unindo-se aos
seus pelos laços do amor. O povo de Deus é sua propriedade. Por isso Jesus diz:
“Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão e ninguém vai arrancá-las
de minhas mãos”. Não se trata de uma propriedade na base do poder, mas de uma
união de vida, como o Filho é unido ao Pai (Jo 10,30). O Pai cuidou de seu
Filho depois de sua morte, ressuscitando-O, e O constituiu Senhor. Para Jesus,
esse termo Senhor não Lhe tira o carinho de ser Pastor, pois Ele deu sua vida por
suas ovelhas. Depois da Ressurreição temos a leitura desse evangelho que
expressa a missão de Cristo junto ao Pai: ser condutor do povo, suas ovelhas.
Assim escreve João no Apocalipse: “Porque o Cordeiro que está no meio, diante
do trono, os apascentará e os conduzirá às fontes das águas da vida” (Ap 7,17).
Estabelece-se entre Pastor e ovelhas um relacionamento de conhecimento e
obediência. Jesus diz: “As minhas ovelhas escutam minha voz, Eu as conheço e
elas me seguem” (Jo 10,27). Escutar e seguir, unidos ao verbo conhecer, é um
movimento que realiza a intimidade dessa maneira de ser: unidos a Cristo, como
Ele é unido ao Pai. O conhecimento de que fala João não é somente um saber quem
é, mas unir-se à vida de quem se conhece. Esse verbo expressa o conhecimento íntimo
que abre à vida um ao outro. “O pastor defende as ovelhas, pois lhe foram dadas
pelo Pai e ninguém as arrebata das mãos do Pai” (29). Assim é a vida da
comunidade com seu Redentor.
Lavaram
as vestes no sangue do Cordeiro
O livro do Apocalipse 7,9.14b-17,
traz uma das características mais importante da comunidade primitiva: a celebração
do culto a Deus. Esse culto, os cristãos o iniciaram sobretudo vencendo a
tribulação (perseguição) lavando suas vestes no sangue do Cordeiro (14b). Sua
vitória, lavada no próprio sangue, une-os à vitória de Cristo que os conduz. A
comunidade continua sua batalha pela fé, como nos explicará João dizendo: “É
necessário que continues ainda a profetizar contra muitos povos, nações, línguas
e reis” (Ap 10,11), mesmo que haja o amargor das conseqüências de crer na
Palavra. Cada celebração da comunidade é uma certeza da vitória e uma garantia
da presença de Jesus, o Cordeiro.
O
pregador perseguido
Os
dois apóstolos Paulo e Barnabé fazem suas caminhadas apostólicas. Acreditaram
na força da Palavra e implantaram as comunidades às quais exortavam a
“continuarem fiéis à graça de Deus”. Paulo prega aos judeus em primeiro lugar.
Ao receberem a recusa, pregam aos pagãos que se alegram por terem sido
escolhidos para a fé. O apóstolo é perseguido por causa da Palavra. Como
recusaram Jesus, agora recusam os apóstolos. Paulo e Barnabé sentem-se
confortados pelas promessas de Jesus a eles: “Eu te coloquei como luz para as
nações, para que leves a salvação até os confins da terra” (At 13,47). Não se
sentem desanimados por causa das perseguições. Mulheres piedosas foram atiçadas
a perseguir os dois apóstolos. Não basta a piedade para ser bom. É preciso a
fé. Só a fé suporta as tribulações e dá as alegrias do Espírito Santo. A Igreja
precisa sempre de apóstolos renovados pelo Espírito.
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