Evangelho segundo S. Mateus 23,1-12.
Naquele
tempo, Jesus falou à multidão e aos discípulos, dizendo: «Na cadeira de
Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. Fazei e observai tudo quanto
vos disserem, mas não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem. Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles nem com o
dedo os querem mover. Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens:
alargam as filactérias e ampliam as borlas; gostam do primeiro lugar nos
banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, das saudações nas praças
públicas e que os tratem por ‘Mestres’. Vós, porém, não vos deixeis tratar
por ‘Mestres’, porque um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos. Na
terra não chameis a ninguém vosso ‘Pai’, porque um só é o vosso pai, o Pai
celeste. Nem vos deixeis tratar por ‘Doutores’, porque um só é o vosso
doutor, o Messias. Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Bento (480-547), monge,
co-padroeiro da Europa
Regra monástica, cap. 7
«O maior de entre vós será o vosso servo»
Irmãos, a Escritura divina proclama-nos que
«quem se exaltar será humilhado e quem se humilhar será exaltado» e com isso
quer mostrar-nos que toda a exaltação é uma forma de orgulho. Assim prova o
salmista, que dele se acautela quando diz: «Senhor, o meu coração não é
orgulhoso, nem os meus olhos são altivos; não corro atrás de grandezas ou de
coisas superiores a mim» (Sl 130,1). [...] Daqui resulta, irmãos, que, se
quisermos atingir o cume da suprema humildade e chegar rapidamente às alturas
celestes aonde podemos subir pela humildade de vida terrena, temos de pôr de pé
a escada que apareceu em sonhos a Jacob e trepar por ela com os nossos actos tal
como ele viu «os anjos subir e descer» (Gn 28,12). Pois este subir e este descer
não podem ter para nós outro significado senão o de pela exaltação descer e pela
humildade subir. Ora, aquela escada posta de pé mais não é do que a nossa vida
neste mundo, que o Senhor levanta até ao céu sempre que o nosso coração se
humilha. [...]
O primeiro degrau da humildade consiste em ter sempre
presente no pensamento o temor de Deus e em nunca o esquecer, esforçando-nos por
relembrar sempre tudo aquilo a que Deus mandou obedecer. [...] Para estar
vigilante contra a malícia dos seus pensamentos, o irmão deveras humilde há-de
repetir sem parar no seu coração: «Tenho sido sincero para com Deus e guardei-me
do pecado» (Sl 17,24). E quanto a seguirmos a nossa vontade própria, a Escritura
no-lo impede ao dizer-nos: «Refreia os teus apetites» (Sir 18,30). É por essa
razão que, no Pai Nosso, pedimos a Deus que a sua vontade se faça em nós. [...]
«Os olhos do Senhor observam maus e bons; do céu o Senhor olha para os seres
humanos, a ver se há alguém sensato, alguém que ainda procure a Deus» (Pr 15,3;
Sl 13,2). [...]
Tendo subido todos os degraus da humildade, o monge
depressa chegará ao amor de Deus, a esse amor que, tornado perfeito, afugenta
todo o temor (1Jo 4,18); graças a ele, tudo aquilo que dantes cumpria a medo,
agora levará a cabo sem custo algum, com toda a naturalidade e de modo habitual,
[...] por amor a Cristo, por hábito do bem e gosto da virtude. Tudo isso o
Senhor Se dignará manifestar de aí em diante no seu operário, pelo Espírito
Santo.
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