PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Se
não vos converterdes
A cada ano litúrgico, no tempo da
Quaresma, temos uma temática para o 3º, 4º e 5º domingos. No ano A temos a
temática batismal; no ano B temos a temática da Aliança e no ano C, a temática
da conversão. No evangelho deste 3º domingo lemos sobre a figueira estéril, no
4º, o filho pródigo (ou pai misericordioso) e no 5º a adúltera. Em cada domingo
somos chamados à conversão porque o Pai é bom e misericordioso. Em nossa
fragilidade, somos uma figueira, na comparação de Jesus. O jardineiro é Ele
próprio. O dono é o Pai que cobra os frutos e não encontra já há três anos. Se
não dá fruto deve ser cortada. Mas vinhateiro propõe: “Deixa mais esse ano, vou
cavar em volta e colocar adubo. Pode ser eu venha a dar fruto, Se não der,
então tu a cortarás” (Lc 13,8-9). Jesus conta a parábola após ouvir notícias de
um massacre de Pilatos e da torre que caiu sobre 18 galileus. Na idéia das
pessoas sofreram porque eram pecadores e pagaram por isso. Pagará se não se
converter e não der frutos. Todos são chamados a serem, não uma árvore estéril,
mas árvore que produza frutos. O vinhateiro, Jesus, dá os auxílios necessários,
chega uma terrinha e assim a planta pode produzir. Ele quer nossa conversão e
para isso oferece os meios. Se não nos resolvemos a mudar, converter e produzir
frutos, Deus não tem nada mais a fazer nós. Assim nos condenamos a uma
desgraça. Essa não será um acidente, mas a perda do Reino. A Quaresma é o tempo
para esse questionamento sobre nossa situação diante do Pai que nos deu a vida
e pede que produzamos frutos. A graça de Deus que nos vem pelos sacramentos e
pelos dons que nos deu. Ele dá tempo, mas exige mudanças.
Eu
sou o Senhor
A conversão não é obra somente de um esforço
pessoal, mas da presença de Deus que liberta de todos os males, sobretudo da
esterilidade de nosso coração. O Deus que conhecemos da Escritura, que chamamos
de Javé, não é um Deus nas alturas, mas o Deus que se compromete com seu povo.
É um Deus que caminha conosco. Moisés clama: “Caminha conosco”! ( ). O compromisso que assume para conosco e nos
estimula a sair de nossos egitos, é conseqüente como acontece na libertação do
Egito, na libertação de todos os males na vinda de Jesus. Assim lemos na
aparição de Deus a Moisés no Horeb: “Eu VI a aflição de meu povo que está no
Egito e OUVI seu clamor por causa da dureza de seus opressores. Sim, eu CONHEÇO
seus sofrimentos. DESCI para libertá-los das mãos dos egípcios, e FAZÊ-LOS sair
daquele país para uma terra boa e espaçosa, uma terra onde corre leite e mel”
(Ex 2,7-8). Deus tem para conosco uma ação conseqüente. Não nos ama por
pedaços. A cobrança de conversão vem do fato de que Deus fez tudo por nós, e os
frutos não aparecem. Deus não cobra, mas nós devemos nos cobrar a nós mesmos em
vista da expectativa que Ele tem. A conversão é para que produzamos frutos que
permaneçam.
Cuidado
para não cair
Na história da salvação temos muita
coisa bonita. O povo viveu momentos de grande participação das maravilhas que
Deus fez por ele: passar o mar Vermelho, comer o maná vindo do céu, beber água
da rocha, receber a lei sob grandes sinais. Mas, a maioria desagradou a Deus.
Foram assim de exemplo para nós, para não repetirmos o mesmo. “Portanto, escreve
Paulo, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair” (1Cor 10,12). É
correspondendo à graça da redenção, produzindo frutos que nos manteremos em pé. A conversão permanente é
o caminho do cristão.
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