quinta-feira, 4 de junho de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
1579. Memorial de vossa Paixão
A liturgia da festa de Corpus Christi aprofunda a devoção ao Santíssimo Sacramento com a reflexão bíblica numa bela síntese do Mistério Pascal de Cristo celebrado na Eucaristia. Narra sua instituição durante a ceia pascal judaica. A ceia cristã é uma ceia memorial do sacrifício de Cristo para a salvação. O Mistério Pascal não se reduz ao sacrifício do Calvário; não compreende só sua morte, mas toda sua vida entregue para a salvação. Não mais o sangue de um cordeiro que purifica, mas do Cordeiro-Cristo que Se ofereceu. Assim se realiza a nova aliança, no sangue de Cristo, como a aliança do Sinai que foi selada com o sangue dos cordeiros. Esta aliança une o plano de redenção que Deus nos oferece e o compromisso que fazemos com Ele. Moisés deu os dez mandamentos; Jesus propõe o amor como código da nova aliança. Na festa de Corpus Christi (Corpo de Cristo), prolongamos a reflexão e o mistério eucarístico celebrado na Quinta-Feira Santa. Essa festa contém os mesmos elementos. Lembramos que Jesus nos deixou um memorial – lembrança – para ser celebrado como uma ceia que torna presente a Morte e a Ressurreição do Senhor. Jesus mandou que celebrássemos em sua memória. A missa, Eucaristia, é um sacrifício memorial da redenção que Jesus nos conquistou em sua Morte e Ressurreição. É uma refeição memorial deste sacrifício. Quando participamos da celebração da Eucaristia, participamos desse memorial de sua Paixão. O sentido de memorial está presente na cultura hebraica. O termo memorial está presente na fé do povo hebreu como explicação da ação de Deus que permanece a mesma durante a história do povo. A Eucaristia, memorial do Senhor, torna presente tudo o que Jesus fez por nossa salvação, de modo particular sua Morte, Ressurreição e Ascensão. Jesus diz naquela ceia, como nos narra Paulo: “Isto é meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim... Este cálice é a nova aliança em meu sangue; todas as vezes que beberdes dele, fazei-o em memória de mim... Pois todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciar a morte do Senhor até que Ele venha” (1Cor 11,23-26).
1580. Oh vinde adoremos!
Na Quinta-Feira Santa não temos espaço para a adoração festiva de Cristo presente na Eucaristia a não ser a adoração noturna.  Temos  um enriquecimento ao mistério celebrado. Por que adoramos? Porque reconhecemos no Pão e Vinho consagrados o Corpo e Sangue do Senhor. Na adoração do Sacramento do Amor de Deus, reconhecemos esse mistério e colhemos os frutos da redenção. Saboreamos na terra o que gozaremos no Céu. Ele enche nosso coração. A adoração não se reduz a incensos e ritos maravilhosos que sempre nos encantaram. Mas adora o Santíssimo Sacramento quem é capaz de vê-Lo presente no outro e reverenciá-lo. É belo levar o Santíssimo pelas ruas e sentir sua bênção que se espalha. Por outro lado, mais belo ainda é ter consciência que somos “Sacrários vivos da Eucaristia” como cantamos na bênção do Santíssimo.
Cristo continua pelas ruas, em nós, abençoando, santificando e animando à vida eterna. Onde chega um cristão, chega a vida nova. Somos responsáveis pela eucaristização do mundo.
1581. Família reunida
            Santo Tomás ensinou na sequência (texto poético que segue o salmo) que “Aos mortais dando comida, dais também o pão da vida; que a família assim nutrida seja um dia reunida aos convivas lá do Céu”. A comunhão eucarística não é um rito individual, por mais que a responsabilidade seja individual. Se a ceia é sacrifical, por ser memória da Morte e Ressurreição do Senhor, é comunhão de irmãos por sermos família reunida. Comungar significa também entrar em comunhão com os irmãos através do amor serviço. O maior serviço que podemos prestar é o serviço do amor, pois Jesus tendo amado os seus, amou-os até o extremo do amor.

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