domingo, 12 de outubro de 2014

Homilia da Sol. de N. S. Aparecida (12.10.14) “Nas curvas de um rio”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Velas que se acendem
               Celebramos festa de N. Senhora Aparecida. É um momento muito importante, como diz a oração da missa: “Concedei que o povo brasileiro, fiel a sua vocação e vivendo na paz e na justiça, possa chegar um dia à pátria definitiva”. A paz e a justiça conduzem à vida eterna. Vamos procurar entender essa celebração com a simbologia dos primeiros milagres. Além do encontro, que já foi um milagre comprovado pela pesca abundante, nós conhecemos o milagre das velas que se acendiam e se apagavam sem intervenção das pessoas.  No meio das dificuldades do tempo, cercados de pobreza e de vida trabalhosa, a veneração da imagem da Imaculada Conceição, foi um estímulo à vida daqueles pobres pescadores. A devoção lhes fez reconhecer um tempo novo que iluminava seus olhos. O sofrimento não apaga a fé de um povo simples e devoto. Deus se recordou de sua humildade. Deus escolhe os humildes para confundir os fortes. O Conde de Assumar comeu os peixes e se foi. Os pescadores foram alimentados de esperança. Ester, a rainha teve a ousadia de crer que a oração poderia mudar os planos do rei. A oração do povo dobra o coração de Deus. O Espírito Santo acendeu a luz nos corações que se apagavam no sofrimento. A pesca infrutífera foi vencida pela rede que mais uma vez ia ao fundo do rio. Numa destas encheu o barco de vida e as redes de peixes. Aquele objeto tosco e enegrecido acendeu a esperança. A intercessão de Maria continua no meio do povo. Benditas curvas do rio Paraíba que nos deram tal presente. A esperança iluminou os olhos.
O escravo e as correntes
              A imagem de Nossa Senhora Aparecida é uma síntese das três raças: negra de cor, branco de tipo, cabelo de índia. É a mulher grávida que aparece no Apocalipse sempre pronta a dar à luz para que haja a libertação de todos os sofredores. O escravo Zacarias que fugira e fora capturado, deve ter sofrido muito. Ao passar diante da capela da Senhora Aparecida, pediu para fazer uma oração. Que terá pedido? Mais que atender a súplicas, ela lhe deu a liberdade. As correntes caíram. Ela, Mãe do Senhor do mundo, liberta o escravo sofrido, já sem esperanças em meio aos sofrimentos. É um símbolo maravilhoso que sintetiza os ensinamentos sobre Maria que socorre os escravos do mal. Intercede diante de seu Filho pelos filhos sofredores. Este milagre anima a transformar a devoção em um meio de libertação de todos os tipos de escravidão. Não há escravidões que não tenham solução. O que há é falta de libertadores. A devoção será vazia se não vai ao encontro dos acorrentados da vida. As curvas do rio nos trouxeram a alegria.
A cega e o cavaleiro.
              Há dois milagres que se parecem: A ceguinha que veio de longe e ao chegar perto do santuário recebe a cura e vê a igreja. O cavaleiro cego pela falta de fé e pelo desrespeito às pessoas e lugares santos, recebe um milagre. Queria entrar na Igreja a cavalo. Este se recusa e sua ferradura se prende à pedra da entrada. O homem orgulhoso é abre os olhos à fé. Diante do amor de Maria, manifestado nesta bela imagem, nossos olhos se abrem para ver a grandeza de Deus e a desgraça que o orgulho provoca em nós. Os milhões de romeiros que por ali passam podem ter os olhos abertos para conhecer as coisas de Deus e das pessoas como um caminho de fé. Um cientista ateu, vindo a Aparecida, viu a longa fila dos romeiros que queriam passar diante da imagem, disse: Não podem todos eles estar errados e eu certo. Abriram-se seus olhos.
Leituras:Ester 5,1b-2;72b-3; Salmo 44;Apocalipse 12,1.5.13ª.15-16ª; João 2,1-11 
1.A festa de N. S. Aparecida é um estimulo ao povo. Refletimos os primeiros milagres. O primeiro são as velas que se acendem e apagam. É símbolo da fé do povo simples que se mantém frágil, mas viva. A oração dobra o coração de Deus. Nela brilha a esperança. 
2.A imagem simboliza a união das raças: negra, índia e branca. O milagre das correntes do escravo que se soltam lembra a libertação de todas as cadeias. Maria, é a mulher que dá sempre seu Filho para destruir o dragão do mal. 
3.Dois milagres parecidos referentes à cegueira: um dos olhos, outra do coração. A ceguinha que vê a capela, ao longe, quando veio buscar a cura. O homem malvado que quer entrar a cavalo na capela é detido por seu cavalo que tem a ferradura presa. Ele abre os olhos à fé e muda o coração. 
  Na rede, e não é peixe 
  A festa de Nossa Senhora Aparecida tem uma mensagem muito bonita para o povo brasileiro que a ama. Para compreender sua mensagem nos é apresentada a figura de Ester que reza por seu povo. Ela intercede por nós como em Caná intercedeu pelos noivos. Por isso dizemos: Rogai por nós pecadores. Ela é a Mulher perseguida com seu Filho.  Mas não há o que tire Maria da Igreja e do coração de quem ama Jesus, seu Filho que muito ama.
A festa é um convite ao povo de Deus para que viva na justiça e na paz. Rezamos na oração final que nosso povo se ajunte nas tarefas de cada dia para a construção do Reino. Não basta amar Nossa Senhora Aparecida. É preciso ser bom brasileiro inspirado em sua intercessão e ensinamentos.

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