Evangelho segundo S. Mateus 5,43-48.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu
próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem. Fazendo assim, tornar-vos-eis
filhos do vosso Pai que está no Céu, pois Ele faz com que o Sol se levante sobre
os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores. Porque,
se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem já isso os
cobradores de impostos? E, se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis
de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos
como é perfeito o vosso Pai celeste.»
Da Bíblia Sagrada -
Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Juliana de Norwich (1342-depois de 1416), mística inglesa
«Revelações do amor divino», cap. 35
«Ele faz com que o Sol se levante sobre os bons e os
maus»
Tudo acabará em bem: a plenitude da alegria
consiste em ver Deus em tudo. Através do mesmo poder, sabedoria e amor benditos
com que criou todas as coisas, Ele conduz tudo continuamente para o mesmo
objectivo e encaminhará tudo para Ele. Quando chegar a altura, vê-lo-emos
claramente. […] Tudo o que Nosso Senhor faz é justo; tudo o que permite
contribui para o seu desígnio – o bem e o mal. Porque tudo o que é bom é obra de
Nosso Senhor; e o que é mau, Ele o permite. Não digo com isto que o mal seja
válido; digo que aquilo que Nosso Senhor permite contribui para o seu desígnio.
Deste modo, a sua bondade será conhecida para todo o sempre, bem como as
maravilhas da sua humildade e da sua doçura nesta obra de misericórdia e de
graça. […]
O próprio Deus é a rectidão por excelência; todas as suas
obras são justas, ordenadas que estão desde toda a eternidade pelo seu grande
poder, a sua grande sabedoria, a sua grande bondade. Tal como estabeleceu tudo
da melhor maneira, assim opera sem cessar com rectidão e conduz todas as coisas
até ao seu fim. […] Nós estamos protegidos maravilhosamente e para sempre nesta
rectidão, mais do que qualquer outra criatura.
E a misericórdia é
uma obra que provém da bondade de Deus; ela manter-se-á enquanto for permitido
que o pecado atormente as almas justas. […] Deus permite as nossas quedas; mas
protege-nos pelo seu poder e a sua sabedoria. Pela sua misericórdia e a sua
graça, eleva-nos a uma alegria infinitamente maior. É assim que Ele quer ser
conhecido e amado: na retidão e na misericórdia, agora e para sempre.
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